Investigação

Caso Beatriz: funcionário de escola não vai se entregar, diz advogado

TV Jornal
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Publicado em 14/12/2018 às 8:10

-Foto: Reprodução vídeo divulgado pela Polícia Civil

O advogado de um suspeito de envolvimento na morte de Beatriz Mota, assassinada dentro de um colégio particular em Petrolina no Sertão de Pernambuco, se pronunciou sobre o assunto. O cliente dele, o técnico em informática Alisson Henrique, teria apagado as imagens do circuito de segurança da escola onde aconteceu o crime. Ele é considerado foragido.

De acordo com o advogado, na tarde dessa quinta-feira (13), o rapaz não vai se apresentar até ter a revogação da prisão decretada. Wank Medrado disse que vai entrar com um recurso no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), na próxima segunda-feira (17), pedindo essa revogação.

Segundo Medrado, Alisson está sofrendo "a maior injustiça que ele já viu em sua vida profissional." De acordo com o advogado, Alisson conversou com a polícia seis vezes. "Toda vez que ele é chamado, comparece. Ele não vai se entregar, porque teme pela sua integridade física. Se ele se entregar, será morto. Ninguém vai perguntar se é inocente. Ele já está condenado pelo tribunal das redes sociais", afirmou Wank.

Sobre o dinheiro que teria sido depositado na conta de Alisson, um total de R$ 40 mil, que a família de Beatriz acredita ter sido o pagamento por ele ter apagado as imagens, o advogado reafirmou ser prêmio de loteria. "Inclusive, ele já apresentou os documentos à polícia e declarou o imposto de renda", observou.

A prisão havia sido negada em junho, mas foi julgada anteontem por um colegiado de desembargadores e deferida. A mãe de Beatriz, Lúcia Mota, chegou a desmaiar de emoção e precisou ser socorrida.

Relembre o caso

Beatriz Mota desapareceu durante a festa de formatura da irmã mais velha, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, no dia 10 de dezembro de 2015. A menina pediu à mãe para beber água e sumiu em seguida. O corpo foi encontrado cerca de 40 minutos depois, com 42 perfurações de faca. O que aconteceu nesse espaço de tempo permanece um mistério, mesmo após três anos e quatro delegados no comando das investigações

Há um ano, a delegada Polyana Neri, diretora-adjunta da Diretoria Integrada do Interior 2, assumiu o caso em caráter de exclusividade. Nessa terça-feira (12), em nota onde disseram acreditar nas instituições e no poder público, os pais de Beatriz Mota, Sandro Romilton e Lúcia Mota, cobraram a prisão do homem. No texto, Sandro e Lúcia destacam que não imputam ao ex-prestador de serviço da escola a autoria do crime de homicídio, mas “a prática de crimes diversos que de alguma forma contribuíram para que até agora não se chegasse ao resultado esperado por todos”.

De acordo com eles, a partir do momento em que gravações foram corrompidas, “não se pôde mais chegar com precisão ao autor ou autores do fato criminoso”. Em março de 2017, foram divulgadas imagens que teriam sido recuperadas e mostram o suposto assassino.

Colégio Nossa Senhora Auxiliadora Petrolina emitiu nota sobre a decisão do TJPE. Confira:

"O Colégio Nossa Senhora Auxiliadora Petrolina vem a público se manifestar quanto à decisão emanada do Tribunal de Justiça de Pernambuco em relação ao ex-terceirizado, Allinson Henrique de Carvalho Cunha, declarando que confia plenamente na Justiça e na Polícia Civil do Estado para a solução do caso. No entanto, informamos que, quanto aos vários anos em que o terceirizado Allisson prestou serviço a esta instituição, não foi registrado qualquer ato que desabonasse a conduta do mesmo.

Cabe ainda esclarecimentos sobre a citação de nomes de pessoas que fazem parte do quadro atual de funcionários do colégio, com suposto envolvimento na exclusão de imagens do circuito interno da unidade escolar. Sobre este fato, pedimos especial cautela à sociedade quanto a divulgação de nomes e imagens, além de veiculação de informações não corroboradas pelas autoridades responsáveis pelas investigações. A exposição de pessoas inocentes, como já vistos em outras ocasiões, pode acarretas danos irreparáveis moral e fisicamente e incorrer em penalidades para àqueles que compartilham informações falsas.

O Colégio e seus membros a todo momento adotou uma postura colaborativa com o caso, agindo para viabilizar o trabalho das autoridades e auxiliando com as investigações. Enquanto comunidade católica, seguimos em orações para que o desfecho seja o mais breve e justo e como instituição, acataremos todas as decisões tomadas pelos poderes que trabalham na elucidação do crime."