Denúncia

Bebê morta no Imip: parto só foi feito uma semana após as dores da mãe

A bebê apresentava problemas no coração e a família pediu o parto, mas a unidade de saúde não fez por falta de UTI

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 31/07/2019 às 9:30
Reprodução/TV Jornal
FOTO: Reprodução/TV Jornal

A família da mãe da bebê que morreu logo após o parto, no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, área central do Recife, denunciou que ela não recebeu o atendimento adequado na unidade de saúde. A auxiliar administrativa Poliane Cecília Marcos da Silva, de 27 anos, estava grávida de sete meses, quando deu entrada no hospital sentindo muitas dores, mas o parto só foi feito uma semana depois.

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Primeira internação

Mãe de um garoto de 8 anos, ela esperava ansiosamente pela realização de um sonho: dar à luz uma menina. Com uma forte retenção de líquidos, ela precisou ser internada no dia 10 de julho. Oito dias depois, a auxiliar administrativa recebeu alta.

Piora

Na terça-feira (23), o quadro da gestante piorou e ela foi novamente internada. Os médicos descobriram, por meio de exames, que o coração do bebê não funcionava normalmente. Diante do sofrimento da filha, a mãe de Poliane pediu aos médicos que realizassem o parto, mas nada pôde ser feito, por falta de UTI.

Enterro

O corpo da bebê vai ser enterrado nesta quarta-feira (31), às 16h, no cemitério de Águas Compridas, em Olinda, no Grande Recife.

Imip

O Imip informou que a paciente deu entrada na emergência obstétrica apresentando uma gravidez de alto risco. Segundo o hospital, a equipe prestou toda a assistência necessária à gestante e à bebê, mas, infelizmente, diante da gravidade do quadro da recém-nascida, ela morreu logo após o nascimento. A mãe está em observação na UTI obstétrica, com quadro estável. Na nota enviada à produção do Notícias da Manhã, o hospital não responde sobre a falta de leitos na UTI neonatal da unidade.

A Dor do Desrespeito

Por meio do parto chegamos a este mundo, sendo esperados como fontes de grandes mudanças e esperanças de uma vida melhor. Infelizmente, não são raras as vezes nas quais esse momento, que era para ser lindo, um dos mais felizes na vida de uma família, vira pesadelo. Em Pernambuco, a assistência ao parto é deficiente, e apesar dos esforços de todos os envolvidos na área, continua traumatizando famílias e tirando a vida de muitas mães e bebês. No interior, as gestantes precisam viajar e peregrinar por maternidades de outras cidades, na maioria das vezes sem assistência, para encontrar um lugar onde dar à luz. Na capital, a peregrinação não deixa de existir, por causa da superlotação e da falta de condições das maternidades, e as mulheres são obrigadas a parir em situações, muitas vezes, desconfortáveis e humilhantes, vendo seus direitos serem ignorados. O discurso de humanização é ofuscado em meio a exemplos constantes de violência obstétrica e descaso, que levam as gestantes a enfrentar, em um dos momentos mais importantes da vida, a dor do desrespeito.

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