O número de matrículas de estudantes negros e pardos nas universidades públicas do Brasil ultrapassou, pela primeira vez, o de brancos, chegando a 50,3%. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o avanço dessa parcela da população é resultado, principalmente, do sistema de cotas, que, desde 2012, reserva vagas a candidatos de determinados grupos populacionais.
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Nesta quarta-feira (20), é celebrado o Dia da Consciência Negra. Apesar do equilíbrio mostrado pela porcentagem, no ambiente público de educação, a supremacia branca ainda se faz presente nas universidades e faculdades particulares do Recife e Região Metropolitana.
Falta de políticas públicas
De acordo com o professor de direito da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Jayme Benvenuto, apesar do maior equilíbrio, ainda faltam políticas públicas para facilitar ainda mais a entrada de negros e indígenas nas universidades. "A constituição brasileira fez 30 anos em 2018, ou seja, é o tempo de maturação dessas políticas, que faz com que se tenham mais negros e indígenas nas faculdades", analisou.
Dificuldade para se manter
Além da difícil tarefa de ingressar em uma faculdade, o empecilho pode ser ainda mais árduo para se manter nela. "Não é só garantir que a população negra entre na universidade. É necessário garantir a permanência dessas pessoas, porque muitos não conseguem se manter, devido aos custos de passagens e alimentação no dia a dia", disse José Victor, estudante de direito.
Vagas para negros
Pensando nessa necessidade, a Unicap ampliou o sistema de vagas para negros e índios, com o objetivo de incentivar a igualdade racial no meio acadêmico. No mês de agosto deste ano, a instituição ofereceu 200 bolsas integrais para alunos negros e indígenas.