Cobrança

Caso Serrambi: kombeiros devem pedir mais de R$ 1 mi em indenização

TV Jornal
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Publicado em 20/12/2018 às 8:50

-Foto: Reprodução/JC Imagem

O processo do caso Serrambi foi encerrado judicialmente, com todos os recursos julgados, mantendo a decisão do júri popular ocorrido em 2010, absolvendo os irmãos Marcelo José de Lira, 49 anos, e Valfrido Lira da Silva, 50. A decisão aconteceu 15,5 anos depois do assassinato das adolescentes Maria Eduarda Dourado Lacerda e Tarsila Gusmão Vieira de Melo, ambas de 16 anos, em Ipojuca, no Grande Recife

Agora, os kombeiros que foram julgados como suspeitos se preparam para cobrar a conta ao Estado. “Não vamos pedir menos de R$ 1 milhão de indenização”, adianta o advogado dos kombeiros, Jorge Wellington Lima Matos.

O crime

O crime aconteceu em 2003. As estudantes foram passear de lancha, na Praia de Serrambi, no Litoral Sul, e se separaram do grupo, resolvendo pegar carona em uma kombi de transporte alternativo para voltar até a casa do amigo onde estavam hospedadas, segundo testemunhas.

No percurso, desapareceram. Os corpos das jovens foram encontrados dez dias depois, em estado de decomposição, num canavial, no distrito de Camela, em Ipojuca, pelo pai de Tarsila. Os kombeiros foram indiciados pelo crime, que chegou a ser federalizado, depois voltou ao Estado, sempre tendo os irmãos como suspeitos.

Os kombeiros foram presos temporariamente, em maio de 2003, e soltos em julho. Em janeiro de 2008, voltaram a ser presos, até serem absolvidos em júri popular, em setembro de 2010. “Vamos pedir uma reparação por todos os danos que eles sofreram injustamente, durante todos esses anos. O prejuízo é incalculável, mas, com base em casos análogos, o que vamos pedir passa da casa de R$ 1 milhão”, explica Jorge Wellington. “Foram mais de dois anos na prisão, há os danos morais, o sofrimento, a exposição. Até hoje muitos acham que foram eles os responsáveis pelo crime”.

Impunidade

O advogado das famílias das adolescentes, Bráulio Lacerda, é uma dessas pessoas que acreditam na culpa dos irmãos. “Essa certeza emana dos autos. Objetos das duas foram encontrados tanto na kombi, quanto no local do crime. Testemunhas viram elas entrando na kombi. O óculos de Tarsila foi encontrado no veículo da amante de um dos réus. Foram três investigações e todas apontaram para eles. Eu atribuo a absolvição unicamente à parcialidade de uma jurada, que comemorou o resultado do julgamento com Marcelo, pois eles foram absolvidos por diferença de um voto (foram quatro votos a três)”, diz. “O que fica, infelizmente, é o sentimento de impunidade”.

Após a absolvição dos kombeiros, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e a família de uma das vítimas recorreram ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que, em 2015, manteve o resultado. Naquele ano, Marcelo Lira foi preso em Ipojuca dirigindo um veículo adulterado e roubado, sendo solto dias depois. No último dia 12, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) também negou recurso para anular o julgamento e referendou a absolvição dos kombeiros. “Eles seguem com suas vidas normais, continuam morando e trabalhando em Ipojuca”, informa o advogado.