INADIMPLÊNCIA

Bancos estendem horário de atendimento para renegociação de dívidas

As instituições oferecem educação financeira e renegociar dívidas em atraso

Folha de São Paulo
Folha de São Paulo
Publicado em 21/11/2019 às 16:44
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Os grandes bancos brasileiros anunciaram nesta quinta-feira (21), que vão abrir abrir parte de suas agências em horário estendido por uma semana, de 2 a 6 de dezembro, para oferecereducação financeira e renegociação de dívidas em atraso. Essa é a primeira medida concreta de um acordo firmado entre o Banco Central (BC) e a Federação Brasileira de Bancos, para melhorar a educação financeira do país. O projeto tem quatro pilares, que devem ser implementados até maio de 2020.

Banco do Brasil, Banrisul, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander vão abrir 261 agências até as 20h na semana do programa. A lista será divulgada na próxima segunda (25).

"Todos os bancos participantes vão oferecer condições mais vantajosas para que esses clientes renegociem, mas cada um terá a liberdade de exercer sua própria política de negociação. Alguns podem dar prazos maiores, outros podem oferecer créditos mais baratos para uma troca de dívidas. Mas é um compromisso dos bancos para essa semana", disse o diretor de autorregulação da Febraban, Amauri Oliva.

Grandes bancos e varejistas tradicionalmente oferecem descontos e renegociações de dívidas no fim do ano, quando trabalhadores têm o dinheiro extra do 13º salário e, em alguns casos, das férias.

As demais iniciativa são o lançamento de uma plataforma online de educação financeira, um concurso e um trabalho conjunto entre as instituições para a semana nacional de educação financeira, sobre o qual não foram divulgados mais detalhes.

Plataforma online

A plataforma online mapeará os hábitos do consumidor e oferecerá um programa de fidelidade com descontos e benefícios para aqueles que seguirem as chamadas "trilhas educacionais". BC e Febraban não deram detalhes de quais tipos de benefícios poderiam ser oferecidos, afirmando apenas que o tema está em discussão.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já declarou ter o plano de condicionar juros menores a consumidores que fizerem cursos de finanças.

De acordo com o chefe do departamento de promoção da cidadania financeira do BC, Luis Mansur, a ideia é que essas ações colaborem para redução dos juros ao consumidor. A justificativa é que, com mais informações, a população tomaria crédito de forma mais consciente, o que poderia reduzir a inadimplência.

Ele não soube, porém, mensurar quando a queda de juros poderia ocorrer e nem em qual magnitude.

"O cidadão mais bem informado consegue fazer melhor uso dos serviços financeiros e tomar decisões melhores. É um plano de trabalho bastante completo e sabemos que isso acabará tendo um impacto positivo na inadimplência, mas ainda não conseguimos fazer essa mensuração", completa Mansur.

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Estudo

Um estudo recente do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) aponta que mais da metade das dívidas em atraso no país estão ligadas a instituições financeiras.

Do lado bancário, apesar dos esforços de todas as instituições financeiras que participarão do programa em cortar gastos, a semana de mutirão trará um aumento do custo operacional, com o pagamento de agências, funcionários, marketing e publicidade.

"Toda iniciativa tem um aumento significativo nos gastos, mas é um esforço importante para levar adiante essas ações. De alguma forma acreditamos que pode trazer algum retorno positivo", disse Oliva.