O possível primeiro caso no país de Candida auris, um "superfungo" resistente a medicamentos, é de um paciente que foi internado em um hospital privado de Salvador (BA).
A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), depois de alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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Anvisa investiga caso de superfungo Candida auri em paciente com Covid-19
Não foram divulgados detalhes sobre o paciente nem o nome do hospital, mas, segundo a Anvisa, ele foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com Covid-19.
Conforme nota da Sesab, esse tipo de fungo representa uma séria ameaça à saúde pública, "em virtude da taxa de letalidade próxima a 60%".
Alerta
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta na última segunda-feira (7), sobre um investigação a respeito do primeiro caso positivo de Candida auris no Brasil.
O microrganismo é um fungo resistente a medicamentos, responsável por infecções hospitalares, que ficou conhecido por 'superfungo'.
No alerta, a Anvisa destacou que o Candida auris "é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública".
A infecção provocada pelo fungo pode ser fatal e estima-se que o Candida auris tenha levado à morte entre 30% e 60% dos pacientes que o contraíram.
No informativo, a Anvisa divulgou que a investigação do primeiro caso está sendo realizada com base em "amostra de ponta de cateter de paciente internado em UTI adulto em hospital do estado da Bahia".
A amostra foi analisada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (Lacen-BA) e pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Características do superfungo Candida auris
A principal delas é que ele é resistente a medicamentos antifúngicos geralmente usados para combater o gênero Candida.
Em alguns casos, já foram até mesmo identificadas cepas de C. auris que resistem às três principais classes de fármacos antifúngicos: polienos, azóis e equinocandinas.
Por isso, o C. auris foi apelidado de superfungo.
Além disso, sua identificação requer métodos laboratoriais específicos, pois ela pode ser facilmente confundida com outras leveduras.
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Ela também pode permanecer por longos períodos no ambiente e é resistente a vários desinfetantes.
Uma vez contaminado pelo fungo, o paciente pode sofrer infecção na corrente sanguínea, o que pode ser fatal, principalmente para quem tem comorbidades, alerta a Anvisa.
Em resposta ao caso na Bahia, a agência organizou uma força-tarefa com órgãos de saúde pública e segurança sanitária.
“Uma investigação epidemiológica será conduzida pelo estado e município de Salvador para verificar se existe a contaminação de outras pessoas do serviço de saúde”, anunciou no alerta.
Histórico do superfungo Candida auris no mundo
O fungo foi encontrado pela primeira vez em 2009, no Japão, no canal auditivo de uma paciente.
Depois disso, foram identificados pacientes com o Candida auris em países como Índia, África do Sul, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Israel, Paquistão, Quênia, Kuwait, Reino Unido e Espanha.
O fungo possui alta resistência e pode sobreviver em superfícies por um longo tempo.
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Também não é possível eliminá-lo usando os detergentes e desinfetantes mais comuns.
De acordo com a Anvisa, um surto registrado em 2016 em Cartagena, na Colômbia, pode servir como exemplo de como é difícil de identificar o microrganismo.