CHUVAS

Queda de árvores no Recife: Entenda por qual motivo acontece toda vez que chove

Além de alagamentos, complicações no trânsito e deslizamentos de barreiras, é comum a queda de árvores na capital

Ariel Sobral
Ariel Sobral
Publicado em 14/05/2021 às 12:15
Bruno Campos/ JC Imagem
FOTO: Bruno Campos/ JC Imagem

Com a chegada da chamada “quadra chuvosa”, período equivalente aos meses de Abril, Maio, Junho e Julho, todos os anos, fortes chuvas são registradas no Recife e em toda Região Metropolitana. Além de alagamentos, complicações no trânsito e deslizamentos de barreiras, é comum a queda de árvores na capital.

A Defesa Civil do Recife contabilizou, das 21h da quarta (12) às 9h da quinta (13), o total de 101,2 mm de chuvas, o equivalente a 30% da média histórica do mês de maio, que é de 328,9 mm. Só neste período a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), registrou seis ocorrências com quedas de árvores na cidade, afirmando que as ocorrências deste ano estão dentro da normalidade. No entanto, este número pode crescer.

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) emitiu uma intensificação do Aviso Meteorológico, indicando uma previsão de chuvas de intensidade forte, com potencial de ultrapassar os 150 mm, para a Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata Norte e Sul e Fernando de Noronha, podendo se estender para o Agreste.

Por ser uma cidade litorânea, Recife tem atividades chuvosas intensas, que acontecem durante todo o ano, já que o litoral é onde se formam as nuvens com a umidade do vapor de água que sobe do mar. Apesar de serem associadas diretamente com a chegada da chuva e vento forte, há uma série de fatores que possibilitam a queda dessas árvores na cidade.

Queda de árvores frequente

De acordo com o professor de Biologia do Curso Oficina de Estudos e do Colégio Motivo, Leandro Gomes, o principal fator para a queda frequente de árvores no Recife é a falta de planejamento e distribuição dos vegetais: “O que acontece, não só no Recife, como em outras capitais, é a má escolha de plantas, que não são adequadas ao ambiente urbano, e a falta de escoamento. O solo é impermeabilizado, tem camadas de concreto, derivados de petróleo, e tudo isso impede que o oxigênio se distribua. E a quantidade de água que deveria ir para as raízes não chega, deixando as árvores fracas e sem nutrientes minerais. Fazendo com que as raízes secundárias, aquelas que sustentam o vegetal, venham a morrer com mais rapidez. Acelerando o envelhecimento desses vegetais, eles ficam fracos e, em períodos de chuva, esses espaços encharcam e facilmente o vento pode derrubá-los.” Afirmou.

Além desses fatores, o crescimento desenfreado da metrópole, que resultou em espaços reduzidos entre as árvores, residências e comércios, pode ser considerado mais um motivo para as quedas, realidade que é evidenciada nas calçadas quebradas por raízes.

O trabalho de podagem também pode ser considerado um fator crucial na instabilidade das árvores, nos espaços urbanos. Ao contrário do pensamento de que cortar os galhos evita a eventual queda do vegetal, a podagem feita de forma exagerada pode comprometer ainda mais a saúde da árvore. De acordo com o professor Leandro Gomes, o trabalho de poda que acontece na cidade do Recife, muita das vezes, é degradante e compromete a vida e suporte do vegetal, já que retiram galhos importantes para a sustentação da espécie.

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Solução

A solução para uma redução significativa da queda de árvores que acontecem durante todo o ano na cidade do Recife seria um replanejamento das áreas urbanas, levando em consideração espécies que ajudariam em processos de escoamento de água, e outras que pudessem ocupar as funções de elementos de paisagismo da cidade. Uma reestruturação das calçadas, com planificação que respeite os espaços entre as plantas e as residências. Além de um trabalho conjunto para manutenção das árvores da cidade.

Emlurb

Em resposta, a Emlurb esclareceu que todos os serviços de poda ou erradicação de árvores são acompanhados por um engenheiro florestal. As árvores da cidade situadas em vias públicas são podadas e monitoradas por equipes do órgão, compostas por técnicos, e engenheiros agrônomos e florestais.

O monitoramento é realizado diariamente por essas equipes, e também pelas demandas recebidas pela Emlurb, por meio da central 156. Nas vistorias, são identificados os critérios para poda ou erradicação, como risco de queda, problema fitossanitário, poda para conformação (ajustar os galhos), entre outros. E ressaltou que para solicitar vistorias e podas, além de fazer sugestões, reclamações e denúncias, a Emlurb disponibiliza o número 156.

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