Saúde

COVID-19: Crianças têm casos mais graves? Aumenta o risco de mortalidade?

Estudo realizado pela Universidade de São Paulo revela fatores que agravam a situação da covid-19 em crianças

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 14/06/2021 às 11:32 | Atualizado em 20/10/2022 às 15:30
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O avanço da pandemia de covid-19 no Brasil, somado à chegada de novas variantes da doença e ao ritmo lento de vacinação, intensifica a preocupação de autoridades sanitárias, dentro e fora do país.

Paralelo a esse cenário, um estudo recente realizado pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) aponta que crianças e adolescentes com comorbidades, hospitalizadas devido à infecção por Sars-CoV-2, estão mais propensas a desenvolver o quadro mais grave da patologia.

Maior risco de contaminação em crianças pela COVID-19?

De acordo com o estudo, o risco de mortalidade é intensificado, quando pacientes desse grupo estão inseridos em contextos demográficos e socioeconômicos desfavoráveis.

Ou seja, 75% das crianças e adolescentes que vivem em cidades menos desenvolvidas não resistem à doença.

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Para os pesquisadores, os resultados reforçam a urgência de implementar uma política de saúde pública eficaz, além da adoção de novas estratégias de vacinação no país.

Em entrevista ao SBT News, a infectologista Rosana Ritchmann, do Hospital Emílio Ribas e do comitê de imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), afirmou que existe uma preocupação acentuada com esse grupo.

No entanto, a quantidade de crianças e adolescentes contaminadas pelo novo coronavírus seja inferior à população adulta.

"Sem dúvida alguma, o número de crianças infectadas com a covid-19 é menor, quando comparado aos adultos. Por isso, elas estão no último grupo a ser estudado e vacinado."

Vacinação de crianças e adolescentes

Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não recomenda a vacinação de crianças e adolescentes. Segundo a entidade, o risco desse grupo desenvolver os sintomas mais graves da doença é menor.

"Proteja eles (adultos) primeiro, porque queremos reduzir as taxas de letalidade. Depois, gradualmente, iremos por faixa etária, até chegar às crianças", explicou Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS.

Para a pediatra e cientista indiana, somente crianças que possuem comorbidades deveriam entrar nos grupos de prioridade devido à suscetibilidade.

"Temos uma quantidade limitada de doses, precisamos usá-las para proteger os mais vulneráveis", complementou.

Sintomas da covid-19 em crianças

O infectologista Hemerson Luz, do Hospital das Forças Armadas em Brasília, revela que crianças com até dois anos podem apresentar sintomas mais graves da doença.

"Já as crianças mais velhas e adolescentes podem ter manifestações semelhantes a dos adultos, mas com o desenrolar diferente. Geralmente os sintomas são mais digestivos do que respiratórios."

Além da dor de garganta, febre e tosse seca, crianças podem apresentar sintomas gastrointestinais, como dor de barriga, diarreia e vômitos.

"É necessário fazer uma investigação, pois crianças podem desidratar, devido aos sinais digestivos, e isso pode ser uma descompensação clínica importante", ressaltou.

Ainda segundo o infectologista, a covid-19 em crianças pode desencadear alterações vasculares e inflamações que ocorrem nos vasos sanguíneos:

"Elas podem culminar em lesões cardíacas, renais e outras manifestações mais complicadas".

Vacina da Pfizer em crianças

A Agência Nacional de Vigilância anunciou, na última sexta-feira (11), que a vacina da Pfizer está autorizada a ser aplicada em crianças a partir de 12 anos, no Brasil. Com a medida, a bula do imunizante será alterada para acrescentar o novo grupo.

Em nota, a Pfizer/BioNTech anunciou que a vacina demonstrou eficácia de 100% em estudo clínico com jovens dessa faixa etária.

Os ensaios de fase 3 foram realizados em 2.260 adolescentes, nos Estados Unidos, e apresentaram respostas robustas na produção de anticorpos.

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Questionado pelo SBT News sobre as perspectivas de vacinação para essa faixa etária, o Ministério da Saúde afirmou que essa questão será debatida na Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis.

Segundo a pasta, a "prioridade é vacinar todos os grupos prioritários estipulados pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação" e a população acima de 18 anos.

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