Caso Miguel

"Essa carta não chegou a mim, chegou à mídia", fala mãe de Miguel sobre carta da patroa

Após uma semana da morte de Miguel, a mãe do pequeno Mirtes, concedeu entrevista ao vivo para o TV Jornal Meio-Dia desta terça-feira (9). Confira!

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 09/06/2020 às 12:30
Reprodução/TV Jornal
FOTO: Reprodução/TV Jornal

A mãe do menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, concedeu uma entrevista para a TV Jornal na manhã desta terça-feira (09). A empregada doméstica Mirtes Renata Santana da Silva revelou que não recebeu a carta divulgada pela imprensa assinada por Sarí Corte Real, patroa de Mirtes que foi autuada por homicídio culposo - quando não há intenção de matar. "Essa carta não chegou a mim, chegou à mídia", garantiu, destacando que Sarí deve pedir perdão a Deus.

Durante a entrevista, a mãe de Miguel fez um apelo para a manicure que estava na casa da patroa no dia do acidente. "Eu só peço uma única coisa: Por favor, vai até a delegacia e preste esclarecimento. Eu preciso da sua ajuda. Porque tudo o que aconteceu com Miguel precisa se resolver e eu preciso da sua ajuda. Por favor, apareça e preste esclarecimento. Eliane, eu estou pedindo, é um pedido de uma mãe. Você também é mãe, se fosse com o seu filho e se eu estivesse no seu lugar, eu iria lá e dava os esclarecimentos. Por favor, eu estou pedindo por favor" apela Mirtes para manicure.

Sobre a questão trabalhista, Mirtes revelou que não tinha a carteira assinada, mas que assinou um contrato. "Ainda tem esse contrato, fiquei sabendo ontem pelo pessoal da prefeitura que não deu baixa ainda. Meu nome e o da minha mãe [Marta Maria Santana Alves] ainda estão na prefeitura, desde o período que começamos a trabalhar para o casal", reforçou. A mãe de Miguel contou ainda que, no momento, seu dinheiro está preso no banco e ela não consegue pagar as contas, que já estão ficando atrasadas.

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Confira a carta assinada por Sarí na íntegra

Carta a Mirtes

Como mãe, sou absolutamente solidária ao seu sofrimento. Miguel é e sempre será um anjo na sua vida e na sua família. Não há palavras para descrever o sofrimento dessa perda irreparável. Nunca, mas nunca mesmo, pude imaginar que qualquer mal pudesse acontecer a Miguel, muito menos a tragédia que se sucedeu. Te peço perdão. Não tenho o direito de falar em dor, mas esse pesar, ainda que de forma incomparável, me acompanhará também pelo resto da vida. Estou sendo condenada pela opinião pública como historicamente outros foram. As redes sociais potencializam o ódio das pessoas. Tenho certeza que a Justiça esclarecerá a verdade. Na nossa casa sempre sobrou carinho e amor por você, Miguel e Martinha. E assim permanecerá eternamente. Rezo muito para que Deus possa amenizar o seu sofrimento e confortar seu coração.
Sarí Gaspar

Sarí cadastrada no auxílio emergencial

O nome de Sarí também está sendo investigado por constar no pedido do auxílio emergencial de R$ 600 reais. O benefício é destinado pelo Governo Federal aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados que tiveram a renda afetada pela crise do coronavírus. A informação foi divulgada pelo Portal Notícia Preta e confirmada pelo Jornal do Commercio.

No sistema da Dataprev, órgão que analisa os pedidos do auxílio , a solicitação em nome de Sarí foi feita no dia 14 de maio e até hoje consta que o pedido encontra -se em processamento.

Questionado sobre este caso o advogado de Sarí, afirmou que não ia comentar sobre o assunto já que o trabalho dele está restrito apenas à defesa do caso envolvendo a morte de Miguel.

Liberada após fiança

Na quarta-feira (3), a Polícia Civil autuou a patroa em flagrante pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A mulher, que era empregadora da mãe de Miguel, teve a identidade preservada e foi parcialmente responsabilizada pela morte da criança. Como previsto em lei, ela pagou fiança - determinada pelo delegado Ramón Teixeira em R$ 20 mil - e foi liberada. As primeiras investigações apontaram que a mulher teria permitido que o garoto subisse sozinho no elevador antes de cair do 9º andar - uma altura de 35 metros.

Uma semana da tragédia

Nesta terça-feira (9), completa uma semana da tragédia que resultou na morte do pequeno Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, após cair do 9º andar do condomínio de luxo Píer Maurício de Nassau, conhecido como Torre Gêmeas, localizado no bairro de São José, na área central do Recife, no último dia 02 de junho.

Agradecimento

Na ocasião, a mãe de Miguel também agradeceu não só a equipe da TV Jornal, mas também ao mundo pelo apoio e solidariedade com a tragédia do filho. "Muito obrigada pela atenção de vocês e a gradeço muito pelo apoio que vocês estão me dando. O apoio que o mundo está me dando, muito obrigada mesmo. E que vocês continuem comigo firme e forte para que a justiça de Miguel seja feita. Se existe justiça tem que ser para todos", falou.

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Protesto

A morte de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, na última terça-feira (02), após cair do 9º andar do condomínio de luxo Píer Maurício de Nassau, conhecido como Torre Gêmeas, localizado no bairro de São José, área central do Recife, causou comoção nacional. Em busca de justiça, manifestantes se reuniram com os familiares da criança e fizeram um protesto, nessa sexta (5), em frente ao local da tragédia.

"Se fosse o filho dela? Minha irmã já estava na cadeia", diz tia de Miguel em protesto no Recife

Mesmo abalada, uma das tias do pequeno, Renata Sousa, foi até o local do protesto e pediu que a justiça seja feita depressa. Além disso, ela ainda relatou que o sonho do menino foi interrompido brutalmente.

"Se fosse o filho dela? Se fosse o contrário? Minha irmã já estava na cadeia por causa dela. Por causa de um capriche de uma madame, meu sobrinho está morto hoje. Eu quero justiça pela minha irmã, justiça pelo meu sobrinho, de 5 anos. Ele era uma criança cheia de sonhos que foi interrompido por uma madame. Foi interrompida a vida do meu sobrinho. Ela destruiu uma família, ela despedaçou todos nós e a gente só quer a justiça", afirmou.

Relembre o caso

O caso aconteceu na tarde da última terça-feira (2), quando Mirtes Renata deixou o filho sob a responsabilidade da patroa e desceu para passear na rua, com o cachorro da família. Ao voltar para o prédio, ela se deparou com o filho praticamente morto. Miguel ainda foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos provocados pela queda.

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