Cabelos

Transição capilar: 5 jovens relatam como recuperaram os cachos

Nataly Barreto e Bia Machado
Nataly Barreto e Bia Machado
Publicado em 30/11/2016 às 20:00

-Reprodução/TV Jornal

"Em terras de chapinha, quem tem cacho é rainha", diria uma amiga ao ver a busca por personagens para o vídeo que você verá em breve. No entanto, quem disse que não há espaço para inúmeras rainhas?

O número de mulheres que cansam dos processos de alisamento - seja ele chapinha, relaxamento, progressiva ou uma das 50 mil técnicas desenvolvidas para alteração dos fios - é crescente e tem encorajado outras a aceitarem sua beleza natural e as formas de seus fios. No entanto, a decisão pode tirar muitas noites de sono.

O processo de transição capilar consiste, basicamente, no interrompimento do uso de químicas e em paciência, muita paciência. Para livrar-se dos cabelos quimicamente "controlados", é preciso cortar pouco a pouco ou aderir a um corte mais moderno e...curtinho.

Convidamos cinco garotas para contar um pouco de suas experiências, inquietações e motivações. Em todos os depoimentos foi possível perceber que o maior medo era sentir-se mal pelos olhares de reprovação que seriam recebidos durante o processo de transição, fosse no ambiente de trabalho, na rua e até em casa.

Para alguns, o cabelo é uma parte sem importância, mas nas relações cotidianas, sabemos que ele ocupa um espaço importante para a aprovação física e, porque não, social.

Em todas as histórias percebemos que a coragem de fazer o big chop (corte que elimina totalmente a parte do cabelo com química) ou livrar-se da química capilar aos poucos nasce do não reconhecer-se, da vontade de mudar e ver como o natural é lindo – e prático. No vídeo, veremos jovens fortes, empoderadas e cientes de que cabelo é identidade e também força, como no exemplo de Ana Sabrina, que já havia feito o big chop e aderiu à cabeça raspada em apoio à sua mãe que, por problemas de saúde, deveria fazer o mesmo mas sentia muito medo de ficar “menos feminina”.

Se você ficou curioso sobre o tema ou ainda precisa de uma forcinha para fazer a transição, confere esses depoimentos:

“Essa é a etapa final da minha transição”

A necessidade de falar sobre um tema que toca tantas pessoas partiu da experiência de uma das realizadoras, a produtora Nataly Barreto. De acordo com ela, a ideia é dar visibilidade às cacheadas não como forma de seguir a moda e sim como empoderamento, um empurrãozinho a mais para quem está tentando se encontrar: "Transição capilar é um processo e como todo processo, cheio de etapas".

A realização desse vídeo é a etapa final da minha transição, é a minha maneira de dizer que estou bem e contagiar quem está tentando começar o processo. É, também, início de um projeto que está tomando forma agora. Decidi cortar o mal pela raiz, literalmente, não tive paciência pra tirar a química aos poucos, cortei de vez e como toda mudança gera estranhamento, essa não foi diferente.

Por mais comum que fosse, eu não esperava o bombardeio de reações e por isso não estava preparada. A cada 10 pessoas que me colocavam pra cima, 1 me puxava pra baixo. E, infelizmente, os comentários negativos me afetaram muito mais. No primeiro dia depois da mudança, ao chegar em casa, eu só queria fechar os olhos e ver meu cabelo longo. Mas quando acordei me senti tão bem. Eu lavei o cabelo, fiz moicano com shampoo, como sempre quis, me olhei por horas no espelho, me reconheci e foi reconfortante. Eu estava pronta pra qualquer comentário, maldoso ou não. Na verdade eu não ia me importar se quer com o que iam falar. Alguns chamam isso de amadurecimento. Passada a tempestade, senti uma necessidade enorme de ajudar quem está pensando em assumir a “juba”, da mesma maneira em que fui ajudada. E acredito que esse vídeo vai inspirar e dar forças a muitas mulheres e meninas que estão em dúvida sobre fazer ou não a transição capilar", contou Nataly.