VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

OAB-PE repudia paródia em ato pró-Bolsonaro no Recife

TV Jornal / JC Online
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Publicado em 24/09/2018 às 21:01

-Foto: Reprodução/Facebook

A Ordem dos Advogados de Pernambuco (OAB-PE) emitiu uma nota de repúdio à "música ofensiva às mulheres na Marcha da Família do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro". A paródia da música 'Baile de Favela' veio à tona durante ato pró-Bolsonaro, nesse domingo (23), realizado na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife.

A nota define a composição da música como 'estarrecedora' e faz um alerta sobre o atual cenário brasileiro quando o assunto é violência contra a mulher. "Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias", lamenta Ana Luiza Mousinho, presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB PE.

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Nota de repúdio - Música ofensiva às mulheres na Marcha da Família do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro no Recife A Comissão da Mulher Advogada (CDMA) da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Pernambuco, manifesta seu profundo repúdio a uma das músicas cantadas neste domingo (23.09) durante a Marcha da Família do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, que aconteceu no bairro de Boa Viagem, na cidade do Recife. A letra, entoada em coro, afirma que às feministas deve ser dada ração na tigela e que as mulheres de esquerda têm mais pelo que cadela. Os estarrecedores trechos da música acima transcritos reduzem as mulheres à condição análoga de seres irracionais e incitam o ódio, a violência e o preconceito contra aquelas que se reconhecem feministas e/ou que têm orientação política diversa do aludido candidato. Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias. Ana Luiza Mousinho Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB PE.

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Repúdio nas redes

Não foi só a OAB-PE que lamentou a atitude da marcha. Com críticas à esquerda, ao feminismo e à Central única dos Trabalhadores (CUT), o vídeo causou revolta nas redes sociais. O ato, mesmo sem a presença de Bolsonaro, que continua sua recuperação no hospital após levar uma facada durante campanha em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, contou com a presença de centenas de pessoas, inclusive muitas mulheres e vários líderes religiosos.

"Dou pra CUT pão com mortadela
e pras feminista ração na tigela
as mina de direita são as top mais bela
enquanto as de esquerda tem mais pelo que as cadelas
Bolsonaro salta de paraquedas
Bolsonaro capitão da reserva
E o Bolsonaro casou com a cinderela
Enquanto o Jean Wyllys só tava vendo novela
Maria do Rosário não sabe lavar panela
Jandira Feghali nunca morou na favela
Luciana Genro apoia os sem terra
Mas não dá o endereço pra invadir a casa dela"

Confira a nota da OAB-PE na íntegra:

"Nota de repúdio - Música ofensiva às mulheres na Marcha da Família do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro no Recife

A Comissão da Mulher Advogada (CDMA) da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Pernambuco, manifesta seu profundo repúdio a uma das músicas cantadas neste domingo (23.09) durante a “Marcha da Família” do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, que aconteceu no bairro de Boa Viagem, na cidade do Recife.

A letra, entoada em coro, afirma que às feministas deve ser dada “ração na tigela” e que as mulheres “de esquerda têm mais pelo que cadela”. Os estarrecedores trechos da música acima transcritos reduzem as mulheres à condição análoga de seres irracionais e incitam o ódio, a violência e o preconceito contra aquelas que se reconhecem feministas e/ou que têm orientação política diversa do aludido candidato.

Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias.

Ana Luiza Mousinho

Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB PE."