Paulista

Adolescentes matam menina de 14 anos e filmam tortura em Maria Farinha

A adolescente foi esfaqueada, agredida e sofreu tentativa de afogamento. Duas adolescentes de 15 anos teriam cometido o crime

Giovanna Torreão
Giovanna Torreão
Publicado em 25/06/2019 às 18:50
Reprodução/TV Jornal
FOTO: Reprodução/TV Jornal

Uma adolescente de 14 anos foi agredida até a morte por outras duas adolescentes de 15 anos, na manhã desta terça-feira (25), em Maria Farinha, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. De acordo com a Polícia Civil, as menores filmaram oito minutos de tortura contra a vítima.

Nas imagens, é possível ver que a vítima foi agredida com socos, puxadas de cabelo, tem a cabeça empurrada contra uma pedra, sofre sucessivas tentativas de afogamento e diversos golpes de faca na nuca. Na gravação, é ainda possível ouvir o momento em que uma mulher chega ao local após o crime e fala que vai chamar a polícia.

O corpo da vítima foi deixado na beira da praia, no Pontal de Maria Farinha, próximo a uma edificação abandonada. A vítima usava o uniforme de uma escola municipal do Recife.

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>> Suposta traição teria motivado o crime

Segundo a Polícia, as responsáveis pela morte da menina foram apreendidas na Praia e encaminhadas para a Delegacia de Maria Farinha. De acordo com o delegado, durante um depoimento informal, as adolescentes relataram que elas elas mantinham um envolvimento amoroso e a morte teria acontecido por uma possível traição.

O delegado Álvaro Muniz falou ainda que as duas gravaram o vídeo com o propósito de divulgar o que haviam feito. Ainda segundo o delegado, as menores têm passagens pela Funase e estavam sob efeitos de drogas.

De acordo com a Polícia Civil, as duas demonstraram resistência no momento da prisão e agrediram policiais civis e militares . "Elas permaneceram na delegacia, mas começaram a gritar, a surtar e diante deste contexto fica inviável colher o depoimento", explicou o delegado.

Namorado diz que adolescente morta já foi agredida por uma das suspeitas

A mãe da vítima foi, acompanhada do companheiro e do namorado da filha, para o Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro. De acordo com o namorado da vítima, a jovem havia tido uma relação amorosa com uma das suspeitas. "A minha namorada tinha cicatrizes nas pernas porque essa menina batia dela", conta o rapaz.

"Isso foi uma maldade terrível. Em momento nenhuma ela falava em ameaças. Ela tava super feliz, morando comigo. Ela estava indo da escola para casa. Ela já estava construindo um cantinho para morar com o namorado. Essa menina estava inconformada com o fim do relacionamento", desabafa a mãe da menina.

Passagens pela Funase

Em nota, a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) informou que uma das adolescentes de 15 anos já havia passado pelo sistema socioeducativo, tendo cumprido medida de semiliberdade em 2018. Já a outra adolescente, também de 15 anos, chegou a dar entrada na instituição em 2017, mas, após um período de internação provisória, que dura até 45 dias, recebeu sentença da Justiça determinando o encaminhamento para a liberdade assistida, que é cumprida sem qualquer vínculo com a Funase.

A instituição reforçou que o índice de reincidência dos jovens atendidos no sistema socioeducativo em Pernambuco caiu mais de 20 pontos percentuais nos últimos dois anos, passando de 61,84%, em 2016, para 40%, em 2018. "Significa que seis de cada dez adolescentes não voltam a cometer atos infracionais após deixarem a fundação. A Funase trabalha para seguir melhorando esses indicadores, por meio do fortalecimento de eixos como a educação profissional. Só no ano passado, 2.207 socioeducandos foram incluídos em cursos profissionalizantes, o que se reverte em maiores oportunidades de reintegração social e inserção no mercado de trabalho", escreveu a Funase em nota.

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