O Ministério Público Federal (MPF-PE) apresentou uma denúncia contra quatro oficiais da Polícia Militar e quatro empresários, por envolvimento na Operação Torrentes, ação deflagrada para investigar possíveis desvios de verbas destinadas a reconstruir cidades atingidas pelas chuvas e enchentes de 2010 e 2017.
A denúncia é um resultado das investigações em conjunto entre o Ministério Público Federal, a Polícia Federal, a Controladoria-Geral da União e Receita Federal. Entre os denunciados estão o coronel Mário Cavalcanti de Albuquerque, ex-chefe da Casa Militar de Pernambuco.
De acordo com o Ministério Público MPF, os oficiais são suspeitos de usar documentos falsos para favorecer a empresa Mega Frios na licitação de compra de alimentos. O valor desviado corrigido chega a cerca de R4 2,5 milhões. Se condenados, os suspeitos podem ter pena de 8 a 34 anos de reclusão, além do ressarcimento do prejuízo e a perda dos cargos públicos e cassação das aposentadorias dos militares.
Operação Torrentes
A Operação Torrentes surgiu a partir de denúncias anônimas envidas à Controladoria-Geral da União (CGU) em Pernambuco, ainda em 2016. Os contratos investigados totalizam R$ 450 milhões para compra de comida, colchões, filtros de água e lonas de proteção para os desabrigados. Segundo a PF, a fraude no valor de contratos para reestruturação de municípios da Mata Sul de Pernambuco após as enchentes de 2010 e deste ano pode chegar até a 30%. Segundo os investigadores, foi verificado ainda um conluio entre quatro grupos de empresas para que se conseguisse as licitações durante os períodos emergenciais.
Entre os militares foram presos dois oficiais da Polícia Militar, o coronel Fábio de Alcântara Rosendo, Roberto Gomes de Melo Filho e Waldemir José Vasconcelos de Araújo. Eles foram encaminhados pra a Academia da Polícia Militar em Paudalho, na Mata Norte de Pernambuco. O outro coronel Laurindo Félix do Nascimento, o quarto militar preso, vai ficar em regime fechado com tornozeleira eletrônica. Ele está em tratamento médico.
Já entre os civis foram presos os empresários, Antônio Manoel de Andrade Junior, Antônio Trajano da Rocha Neto, Heverton Soares da Silva, Ricardo Henrique Reis dos Santos, Ricardo José de Padilha Carício, João Henrique dos Santos e Daniel Pereira da Costa Lucas.Todos foram encaminhados para o Cotel. Também foram presas, Roseane Santos Andrade, Taciana Santos Costa e Rafaela Carrazone da Cruz Gouveia Padilha, que é esposa do empresário Ricardo Padilha. Elas foram levadas para a Colônia Penal Feminina do Recife