Operação Ponto Cego

Imagens que podem condenar promotor somem de gabinete do TJPE

TV Jornal | Raphael Guerra
TV Jornal | Raphael Guerra
Publicado em 11/01/2019 às 19:07

- JC Imagem/Arquivo

Uma mídia com o conteúdo de conversas de WhatsApp entre o promotor de Justiça Marcellus Ugiette e a advogada Karen Danielowski, ambos investigados na Operação Ponto Cego, sumiu do gabinete do desembargador Fábio Eugênio Oliveira Lima, relator do caso. Considerada uma das principais provas que pode levar o promotor à condenação por corrupção passiva, a mídia mostrava imagens de um diálogo relacionado a um depósito de R$ 1.195 na conta do filho do promotor. A advogada teria afirmado que aquele dinheiro não seria um empréstimo, mas um ‘presente’. Para os investigadores, a quantia seria propina para que Ugiette beneficiasse presos que faziam parte de uma quadrilha especializada em estelionato e furto qualificado, desarticulada em agosto do ano passado.

“Certifico que ao efetuar cópia das mídias dos presentes autos, foi verificado que a capa da mídia juntada à fl.1974, cuja capa tem o texto ‘Operação Ponto Cego, mensagens WhatsApp Karen Danielowski X Marcellus Ugiette’, encontra-se vazia, sem a correspondente mídia”, informou um texto que consta no processo eletrônico.

O desembargador Fábio Eugênio Oliveira Lima, relator do processo, determinou a apuração dos fatos. Em despacho, ele solicitou que, caso o extravio seja mesmo confirmado, uma nova cópia da mídia seja solicitada ao Ministério Público e que a Corregedoria do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) seja notificada para que investigue possível falha de algum servidor do gabinete onde está o processo.

Em nota, a assessoria do TJPE afirmou que “o eventual extravio da mídia não trará prejuízo à apuração dos fatos, seja porque uma nova cópia foi solicitada ao Ministério Público, seja porque o diálogo escrito constante da mídia em referência foi transcrito exata e literalmente e consta dos autos”.

O processo

O promotor Marcellus Ugiette é acusado de corrupção passiva, fraude processual e lavagem de dinheiro. A denúncia afirma que Ugiette favoreceu membros de um grupo criminoso, que já estavam presos, para que os mesmos fossem transferidos do Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, para o Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, no Complexo do Curado, onde poderiam continuar praticando os crimes. Dois advogados da quadrilha, Assiel Fernandes e Karen Danielowski, teriam sido os intermediadores. A denúncia da PGJ afirma que Ugiette recebeu quantias em dinheiro depositadas na conta bancária do filho. Uma delas no valor de R$ 6 mil, supostamente pagas pelas esposas dos presos.

Ugiette, que era titular da Promotoria de Execuções Penais, está afastado das funções desde agosto do ano passado.

Processos sob suspeita

O promotor também responde a processo administrativo, porque foram identificados indícios de irregularidades em processos que estavam sob a responsabilidade dele na 54ª e 19ª Promotorias de Justiça Criminal da Capital. Um dos processos é relacionado a um homicídio duplamente qualificado, que estava na promotoria desde 31 de maio de 1999. Desde então, a documentação ainda não havia sido devolvida à Vara competente para que o magistrado desse andamento ao caso. A Corregedoria também verificou que vários processos estavam com prazos extrapolados.