Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Madetta teme que a variante do coronavírus detectada primeiramente em Manaus possa acabar provocando uma megaepidemia nos próximos dois meses.
Entrevistado pelo programa Balanço de Notícias, da Rádio Jornal, o médico que fez parte do Governo Bolsonaro criticou a postura do presidente da República no combate ao coronavírus.
Ele havia deixado o cargo após divergências com o presidente Jair Bolsonaro na maneira de conduzir o combate à pandemia da covid-19.
Ministério da Saúde é "ente ausente", diz Mandetta
Para Mandetta, o Ministério da Saúde é "um ente ausente". De acordo com ele, a posição do governo federal foi retirar a pasta de qualquer enfretamento à pandemia.
"Temos uma crise na prevenção, onde mais uma vez, o presidente fala contra qualquer tipo de não aglomeração. Ele quer que aglomere. Na cabeça dele, ele acha que todos devem pegar a doença e que o número de mortes é fatalismo", declarou.
Ele ainda afirma que o Ministério da Saúde não se manifesta sobre o assunto e "sabotam a prevenção".
Ex-ministro se preocupa com possível megaepidemia
Já a respeito de uma possível megaepidemia que estaria tomando forma no Brasil, Mandetta explicou sua preocupação com o assunto.
"Havia relatos de profissionais de saúde de Manaus, mas sem confirmação técnica, que esse surto epidêmico que passaram em dezembro foi de um crescimento acelerado e de acometimento horizontal, rápido", conta.
Ele diz que foi preciso que o Japão testasse seus residentes que estiveram na zona franca de Manaus para que fosse identificada a cepa, com 13 modificações em relação a anterior "e que está sendo avaliada e se chegando a conclusão que é muito mais transmissível do que a cepa até então circulante".
"Países do mundo inteiro estão fazendo suas análises e fechando voos do Brasil... Portugal, Alemanha, Inglaterra não permitem a entrada de brasileiros para não ter mais uma cepa, agora, de maior transmissibilidade", relatou o médico.
Nova variante pode estar se espalhando no Brasil
O ex-ministro da Saúde também se mostra receoso sobre a situação dos pacientes com esta variante da covid-19 que foram transferidos para diversos estados do Brasil, o que poderia levar a um espalhamento do vírus.
"Vimos o drama de Manaus no colapso do sistema de Saúde, com falta de oxigênio... Dizem que foi por excesso de pacientes causados por essa nova cepa. E, como resposta política desse colapso, vimos pacientes sendo transferidos para vários estados da Federação", disse.
Ele explica que se não se faz o protocolo de isolamento para o atendimento destes pacientes, vai prevalecendo os "espirais de novos casos" nestas localidades.
"Vamos assistir isso nos próximos 60, 90 dias de qual vai ser o comportamento da nova cepa num País que a vacinação está muito devagar", apontou Mandetta.