CORONAVÍRUS

COVID-19: Após 1 ano da doença no estado, secretário diz que próximos 90 dias ainda serão difíceis

O secretário de saúde, André Longo, destaca a sobrecarga da rede de saúde pelo aumento de casos de covid-19

TV Jornal
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Publicado em 26/02/2021 às 18:20 | Atualizado em 19/09/2022 às 10:36
Hélia Scheppa/SEI
FOTO: Hélia Scheppa/SEI

Com informações da Coluna JC Saúde e Bem-Estar do JC

As primeiras confirmações de covid-19 em Pernambuco foram de um casal de idosos, quase um ano atrás, no dia 12 de março de 2020. Porém, nesta quinta-feira (25), o estado completa um ano da primeira notificação de caso suspeito da doença. 

"Não é momento de fazer avaliação (deste período); estamos em pleno curso da pandemia, estamos em constante movimento do ponto de vista de adoção de medidas (restritivas)", afirmou André Longo, secretário Estadual de Saúde, hoje durante coletiva de imprensa.

Ao ressaltar que o mundo vive a maior crise sanitária do século, Longo destacou que Pernambuco buscou dar uma resposta à altura, "com a maior mobilização de equipamentos, insumos e recursos humanos".

As informações são da repórter Cinthya Leite, da coluna JC Saúde e Bem-Estar.

Apesar dessa mobilização, o secretário destacou que gostaria de "estar fazendo um balanço final da pandemia, mas ela ainda não acabou".

Desde o início da pandemia, Pernambuco totaliza 295.681 casos confirmados da doença.

Sendo 32.315 graves e 263.366 leves, que estão distribuídos por todos os 184 municípios pernambucanos e pelo arquipélago de Fernando de Noronha.

Além disso, o Estado acumula 10.926 mortes pela covid-19.

"Ainda temos muito trabalho, precisamos contar com o apoio decisivo da sociedade pernambucana para ultrapassar este momento novo de dificuldade e esperar a ação da vacina", pontuou Longo.

"É preciso que toda a população entenda que esses próximos 90 dias serão difíceis e que nós vamos precisar estar juntos novamente nesta adversidade. Acreditamos que a vacina vai fazer a diferença", disse.

"Estaremos trabalhando para minimizar os impactos desse novo recrudescimento da pandemia", garantiu.

Ocupação dos leitos

A ocupação das unidades de terapia intensiva dedicadas a infectados pelo novo coronavírus no país chegou ao pior nível desde o início da pandemia, alerta o Boletim Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado hoje (26).

A proporção de leitos ocupados passou de 80% em 12 estados e no Distrito Federal, e 17 das 27 capitais do país também estão com percentual nesse patamar, chamado de "zona de alerta crítica" pelos pesquisadores.

O percentual de leitos ocupados passa dos 90% no Amazonas (94,6%), Ceará (92,2%), Paraná (91,9%), Rondônia (97,1%) e Santa Catarina (93,4%).

Entre 80% e 90%, estão Acre (88,7%), Distrito Federal (87%), Goiás (89,2%), Pernambuco (85%), Rio Grande do Norte (81,4%), Rio Grande do Sul (83,6%) e Roraima (82,2%).

As 17 capitais na zona de alerta de crítica para a ocupação das UTIS são: Porto Velho (100,0%), Rio Branco (88,7%), Manaus (94,6%), Boa Vista (82,2%), Palmas (80,2%), São Luís (88,1%), Teresina (93,0%).

Também estão incluídas Fortaleza (94,4%), Natal (89,0%), Recife (80,0%), Salvador (82,5%), Rio de Janeiro (85,0%), Curitiba (90,0%), Florianópolis (96,2%), Porto Alegre (84,0%), Campo Grande (85,5%) e Goiânia (94,4%).

O boletim destaca que o país está em um patamar de intensa transmissão da covid-19, sem que nenhum estado apresente tendência de queda nas incidências de casos e óbitos.

Em relação à mortalidade, 26 unidades da federação apresentam manutenção de um patamar elevado, "decorrente de exposições ocorridas no final de 2020 e em janeiro de 2021, com a ocorrência de festas de fim de ano, festivais clandestinos e intensificação de viagens".

Roraima é o único com uma alta maior que 5%, com 5,3%.

"A gravidade deste cenário não pode ser naturalizada e nem tratada como um novo normal. Mais do que nunca urge combinar medidas amplas e envolvendo todos os setores da sociedade e integradas nos diferentes níveis de governo", afirma o Observatório Covid-19 da Fiocruz.

Os pesquisadores lembram que o país está desde 17 de janeiro com uma média móvel de mais de mil mortes por dia, o que sobrecarrega profissionais e sistemas de saúde, o que impacta a qualidade dos serviços e a saúde mental e física dos trabalhadores.

Pelo segundo dia seguido, o Brasil bateu ontem o recorde de mortes diárias por covid-19, com uma média de 1.148 mortes por dia nos últimos sete dias.

"Dentre os novos desafios, destacamos a chegada das vacinas e o lento processo de vacinação que vem se desenhando", destaca.

"Combinado com o surgimento das novas variantes que envolvem tanto o potencial de serem mais transmissíveis, como contextos que favorecem a transmissão por conta da ausência de medidas de mitigação amplas", conclui o boletim.

Prevenção ao coronavírus

O boletim reforça a necessidade de medidas que promovam o isolamento e o distanciamento físico, o uso de máscara em larga escala, a redução dos deslocamentos entre as cidades, a garantia de transporte adequado e a oferta de locais para quarentena.

"Essas medidas deveriam envolver, além de legislações e decretos, campanhas para adesão da população às mesmas", afirma a Fiocruz, que pede planejamento para a adoção de medidas mais restritivas, assim como fiscalização mais efetiva e coordenação regional entre municípios.

A Fiocruz alerta que a chegada das vacinas, para muitos, parece "trazer a sensação de que a pandemia está sob controle".

Essa sensação se soma de forma "bastante grave" ao desgaste das medidas de distanciamento social "por seus efeitos na economia, nas atividades de ensino e lazer, na vida cotidiana e familiar como um todo".