A mulher que foi agredida por fiscais privados de uma empresa de ônibus concedeu entrevista, nesta segunda-feira (12), e contou com detalhes o que antecedeu e motivou as agressões dentro da linha da T.I Xambá, da Caxangá.
O caso foi filmado por passageiros, publicado na internet e causou revolta nas redes sociais. A violência provocou reações de quem estava no veículo, seja para ajudar a vítima ou ridicularizar ainda mais.
''Quando eu entrei no ônibus, os fiscais que estavam na catraca sempre pedem para que o passe e eu disse que só tinha passagem do T.I Xambá para a minha residência", contou.
"Eu estava com o VEM no bolso, mas descarregado. Como estou desempregada, não tinha o dinheiro como carregar em dinheiro", disse a vítima.
"Eles disseram que não queriam saber os meus motivos e disse que eu descia ou eles iriam me colocar para descer. Eu disse que não iria. Tinha um compromisso de pegar o meu filho que estava com a avó dele'', explicou a vítima, que não quis se identificar.
Depoimento da vítima
Após sair da delegacia, onde prestou depoimento, a mulher revelou que fez exames no Instituto de Medicina Legal e prestou um boletim de concorrência.
No entanto, ela afirmou que está sofrendo também pelo fato de várias pessoas reconhecerem ela do vídeo e desrespeitarem. Veja a entrevista a partir de 1h do vídeo abaixo:
''Isso está me deixando muito triste. Aonde eu passo o pessoal está apontando muito. No momento, eu ainda não estou sabendo (sobre investigações das câmeras de segurança do ônibus)", comentou a mulher.
"Consegui fazer o boletim de ocorrência e depois fui para o IML (fazer exame). Meu companheiro comprou um medicamento para mim e isso está aliviando mais (as dores) que eu sinto, principalmente quando eu vou dormir'', completou a vítima.
Providências
O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, afirmou quais foram as medidas tomadas pelo Governo de Pernambuco sobre o caso das agressões para que não haja impunidade.
''É uma mulher trabalhadora e que não pode pagar uma passagem. Isso não é motivo de um espancamento. É inaceitável", afirmou.
"A empresa tomou providências sobre o afastamento e o Grande Recife Consórcio de Transporte tomou as providências, mas não vai parar as investigações. Houve um crime de lesão corporal, que será apurado, e terá também a reparação por danos morais'', finalizou.
Resposta da Caxangá
Por nota, a Caxangá repudiou a atitude do fiscal e a avaliou como inadmissível. Confira a nota na íntegra:
“A Caxangá Empresa de Transporte Coletivo repudia a atitude da equipe de fiscalização que abordou uma passageira da linha 820 - TI Xambá (Cabugá) nesta quinta-feira (08).
O comportamento é inadmissível e não condiz com os valores e práticas adotadas pela empresa. A Caxangá esclarece que já identificou a ocorrência através das câmeras de segurança do ônibus e instaurou sindicância interna para investigar o caso.
As primeiras informações apontam que o fato foi iniciado quando uma fiscal tentou impedir o “pulo de catraca” da passageira no coletivo.
A equipe de fiscalização que operava na linha foi prontamente afastada e permanecerá com suas atividades suspensas até a conclusão da apuração”.