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Presidente dos EUA promete retirar todo americano que quiser sair do Afeganistão; saiba mais

Potências estrangeiras tentam acelerar as retiradas

TV Jornal
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Publicado em 20/08/2021 às 19:00 | Atualizado em 17/03/2022 às 21:24
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FOTO: AFP

Com informações de Agência Brasil.

Nesta sexta-feira (20), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que todo norte-americano que quiser, será retirado do Afeganistão, país que está sob comando do Talibã. 

Até o momento, cerca de 13 mil pessoas foram levadas de volta para casa.

Diante de críticas pela saída das tropas dos EUA, Joe Biden disse que não pode prometer qual o desfecho com o Afeganistão: 

"Esta é uma das maiores e mais difíceis pontes aéreas da história, e o único país do mundo capaz de projetar tanto poder do lado mais distante do mundo com este grau de precisão são os Estados Unidos da América", afirmou Biden em um discurso na Casa Branca.

"Faremos tudo, tudo que pudermos, para proporcionar uma retirada segura para nossos aliados afegãos, parceiros e afegãos que podem ser visados por causa de sua associação com os Estados Unidos", disse o presidente, acrescentando que o governo norte-americano buscará todo compatriota que quiser partir.

Potências estrangeiras tentam acelerar as retiradas devido aos relatos de represálias do Talibã, inclusive contra pessoas que trabalharam com as forças lideradas pelos EUA de saída ou o governo anterior apoiado pelo Ocidente. No total, países estrangeiros já retiraram de avião mais de 18 mil pessoas desde que os militantes tomaram a capital Cabul, de acordo com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas governos ocidentais estão sendo criticados por não preverem um êxodo tão caótico.

Milhares de afegãos desesperados agarrados a documentos, crianças e alguns pertences ainda lotavam o aeroporto de Cabul quando membros do Talibã munidos de armas pediram que as pessoas sem documentos de viagem voltassem para casa.

Dentro e nos arredores do aeroporto, 12 pessoas foram mortas desde domingo (15), disseram autoridades da Otan e do Talibã.

O tumulto é tão grande que nenhuma nação sabe em que avião estão seus cidadãos, e algumas pessoas foram surpreendidas enquanto visitavam familiares, disse um ministro holandês.

"Aqueles que estão em perigo não têm uma saída clara", disse Shabia Mantoo, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), apelando para que países vizinhos mantenham suas fronteiras abertas.

A velocidade com que o Talibã conquistou o Afeganistão enquanto tropas estrangeiras finalizavam sua retirada surpreendeu até seus próprios líderes e deixou vácuos de poder em muitos locais.

>>Por que o Talibã representa um risco para as mulheres do Afeganistão?

União

O Talibã pediu união antes das orações desta sexta-feira, solicitando aos imãs que persuadissem as pessoas a não partirem. Moradores de Cabul e de quatro outras cidades disseram que o comparecimento foi baixo, mas que as orações transcorreram sem incidentes.

Mas um civil alemão foi ferido por um tiro a caminho do aeroporto antes de ser retirado, disse um porta-voz do governo da Alemanha. Alguns afegãos relatam ter sido espancados e sofrido operações domiciliares, enquanto outros disseram ter recebido garantias. Porta-vozes do Talibã não estavam disponíveis de imediato para comentar.

Brasileiros tentam sair do país

Segundo o jornal Folha de São Paulo, o governo brasileiro tenta resgatar dois cidadãos que estão no Afeganistão e pediram ajuda para deixar o país. O Brasil tenta vaga em voos humanitários.

A gestão para a retirada dos brasileiros está sendo feita pelo Ministério das Relações Exteriores. Interlocutores do governo falaram em falaram sob condição de anonimato ao jornal e revelaram que seis brasileiros fizeram contato com a área consular do Itamaraty e disseram estar no Afeganistão. Apenas dois pediram ajuda para deixar o país.

O grupo é composto majoritariamente por pessoas que têm vínculos familiares no Afeganistão e que não chegaram à região recentemente.

Fronteiras abertas e ajuda aos refugiados

O Afeganistão faz fronteira com o Irã, o Paquistão, o Turcomenistão, o Uzbequistão e o Tadjiquistão. O rio Amu Daria forma parte da fronteira no norte do país. Uma faixa estreita de terra, chamada Vakhan, ou Corredor de Vakhan, conecta o Afeganistão com a China.

Com a crise migratória os países planejam receber refugiados afegãos. O Governo do Irã colocou em prática um plano de emergência em três províncias para receber os cidadãos do Afeganistão. No entanto, o governo já anunciou que essas pessoas posteriormente serão repatriados.

O Paquistão também abriu as fronteiras e a estratégia do país é isolar os refugiados em campos temporários, para evitar um grande fluxo de imigrantes.

O Brasil facilitou o processo de pedido de refúgio e também avalia uma concessão de visto humanitário. Já o Canadá criou um programa especial de imigração para oferecer refúgio a 20 mil afegãos, principalmente mulheres. E o Reino Unido também deve receber 20 mil refugiados nos próximos anos.

Mudança no nome do país

O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, anunciou que o Afeganistão passou a se chamar Emirado Islâmico do Afeganistão. O nome é o mesmo adotado quando o grupo extremista esteve no poder do país pela primeira vez, entre 1996 e 2021.

Através de uma publicação nas redes sociais e em coletiva de imprensa, ele afirmou que grupo teria atitudes mais moderadas e não seria igual ao que aconteceu no primeiro governo deles.

>> Talibã anuncia anistia geral no Afeganistão. O que é e qual o objetivo no país?

No entanto, um dos principais comandantes do Talibã, Waheedullah Hashimi, afirmou que as leis devem ser semelhantes às que existiam da outra vez que o grupo extremista esteve no comando.

Esse fato é o motivo do medo da população, que desesperadamente tenta deixar o Afeganistão.