Denúncia

Mãe de criança com autismo denuncia ter sido impedida de matricular filho em escola do Grande Recife: 'Fiquei com o coração partido'

Nice Barros se emocionou durante entrevista concedida à TV Jornal e falou das dificuldades como mãe de uma criança dentro do espectro autista

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 26/08/2021 às 19:54 | Atualizado em 05/04/2022 às 18:46
Reprodução/TV Jornal
FOTO: Reprodução/TV Jornal

A autônoma Nice Barros, mãe de uma criança que foi identificada dentro do espectro autista, denunciou ter sido impedida de matricular o filho, de 4 anos, em uma escola particular na cidade de Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife.

De acordo com Nice, a instituição de ensino permitiu que a criança participasse de uma aula experimental na última terça-feira (24), mas na quarta-feira (24), a gestora negou a matrícula dele.

Abalada pela rejeição da escola com o filho, a autônoma relembra o ocorrido.

"Foi tudo tranquilo na aula experimental. Meu filho ficou na escola, brincou, se divertiu, lanchou e, no meu ver, ficou tudo certo. Quando foi no outro dia, na quarta, quando cheguei na escola, eu fui entrar com ele, ela me abordou e pediu para conversar comigo, dizendo que não poderia ficar com meu filho. Ela alegou que se meu filho ficasse a professora não iria dar a atenção devida para ele", falou Nice.

Desabafo

Nas redes sociais, Nice Barros chegou a fazer um desabafo. Ela reforça que seu maior interesse é poder ver o filho socializar e interagir com outras crianças.

"Quando a gente tem uma criança especial, a gente 'meio' que se prepara psicologicamente para certas coisas, mas quando acontece é bem impactante mesmo, sabe? Como meu filho já tinha vindo de outra escola, eu nunca tinha passado por isso, eu fiquei bem dilacerada. Fiquei com o coração partido. Não esperava e, principalmente assim, não é nem o que se diz, é como se diz, a maneira como ela falou e me abordou. Me doeu muito. Está doendo até agora", desabafou.

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Confira a entrevista completa no vídeo abaixo

Investigação

Agora, a família pretende procurar a polícia para apresentar uma notícia crime e solicitar uma investigação relacionada a conduta da funcionária da escola.

Além disso, o Ministério Público também deve ser acionado, como explica o advogado Graziano Silva.

"A gente vai fazer todas as apurações de outras mães que podem ter sofrido o mesmo tipo de situação, e que, com isso, a gente possa relatar e comunicando as autoridades policiais para que possa investigar a conduta da suposta gestora dentro da unidade escolar para poder apurar se houve algum tipo penal. Ou seja, o tipo penal de discriminação, o tipo penal de preconceito ou até então da condição de não ser matriculado uma criança por ela ser apenas autista", relatou o Graziano.

Resposta da escola

A produção da TV Jornal entrou em contato com a escola e, até o momento, não recebeu resposta.

Declaração do ministro da Educação

Esse caso aconteceu na semana seguinte à declaração do ministro da Educação, Milton Ribeiro, de que há crianças com "um grau de deficiência que é impossível a convivência".

Ele afirmou isso durante uma visita ao Recife, em 19 de agosto, e, por meio de nota, pediu desculpas, no mesmo dia.