A Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava) criticou, por meio de nota, o anúncio de ajuda do governo federal para compensar o aumento do preço do diesel.
Para os caminhoneiros, o valor não corresponde com as despesas mensais do setor. "Os caminhoneiros autônomos brasileiros não querem esmolas. Auxílio no valor de R$ 400 não supre em nada as necessidades e demandas da categoria", diz o texto.
Auxílio para caminhoneiros
O benefício para os caminhoneiros foi anunciado nesta quinta-feira (21) pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que confirmou o crédito para cerca de 750 mil caminhoneiros, mas não foi bem recebido pela categoria.
"Uma proposta não resolve nada e é mais um 'balão apagado' para a categoria colecionar de promessas do governo que ajudou a eleger", rebate o texto da associação.
Cálculos feitos pela Abrava mostram que o valor oferecido por Bolsonaro corresponde a apenas 3,15% das despesas mensais de combustível considerando, como exemplo, um trecho semanal entre Catalão (GO) - Anápolis (GO) - Araguari (MG) e rendimento médio de um quilômetro por litro de diesel.
Vai ter greve dos caminhoneiros?
A Associação também reforçou que a paralisação dos caminhoneiros segue mantida e está programada para o dia 1º de novembro. Nos bastidores do governo federal, por outro lado, acreditam que as paralisações não contarão com forte adesão da classe.
Qual é o motivo da greve dos caminhoneiros?
Entre as exigências dos caminhoneiros está:
- Uma revisão por parte do governo federal na política de preços praticada pela Petrobras;
- A atualização da tabela de Piso Mínimo de Frete;
- A contratação de um instituto, pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para realizar os estudos e os cálculos necessários para o reajuste da tabela de Piso.
Bloqueios de tanqueiros
Ainda na quinta, caminhoneiros que transportam combustíveis pararam em alguns estados. Em protestos pelo preço do diesel e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), os transportes de combustível foram suspensos no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
Na região de Campos Elíseos, no município de Duque de Caxias (RJ), os motoristas bloquearam o acesso de outros caminhões às bases de abastecimento. Em Minas Gerais, todos os tanqueiros suspenderam as atividades e alguns deles ficaram concentrados na região da Refinaria Gabriel Passos, em Betim.
Nota da Minaspetro e filas em postos de Minas Gerais
Ontem à noite, depois que os tanqueiros entraram em greve, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Minaspetro) solicitou aos motoristas mineiros que não corram aos postos de gasolina para encher o tanque, para evitar o desabastecimento de gasolina no estado.
O pedido não foi atendido e as filas são grandes nos postos de combustíveis na capital mineira.
De acordo com o Minaspetro, todas as regiões já estão sendo prejudicadas, uma vez que a base em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, - onde a greve começou - "é estratégica para a distribuição de combustíveis estadual."
Alteração do ICMS sobre combustíveis
Ontem, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, participou de reunião virtual com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e outros governadores, para tratar do projeto de lei que altera a regra sobre o ICMS sobre combustíveis.
O governador Romeu Zema afirmou que o monopólio da Petrobras é um dos entraves à redução dos preços dos combustíveis e também destacou a necessidade urgente de avançar com a reforma tributária.
"Esse é um ponto importante. No Brasil, o diesel, a gasolina e o gás de cozinha têm um único fornecedor, que é a Petrobras. E sabemos que monopólio é sempre ruim. Precisamos de concorrência para que tenhamos um mercado mais competitivo", afirmou o governador.
É importante lembrar que Rodrigo Pacheco prometeu atenção com o projeto de lei que altera o ICMS sobre combustíveis.
Alta nos combustíveis
O preço do combustível subiu 37,25% em agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Vai faltar gasolina?
A Petrobras informou que recebeu pedidos de fornecimento de diesel e gasolina muito acima dos pedidos feitos nos meses anteriores e de sua capacidade de produção. E disse também que o setor comercial está passando por "uma série de cortes" nos pedidos feitos para compra desses combustíveis.
Mesmo depois dessas declarações, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) descartou, por enquanto, a possibilidade de desabastecimento de combustíveis sobre as últimas notícias da greve dos caminhoneiros de 2021.