Estação 30

Metroviários e passageiros sofrem com falta de investimentos e modernização

Dos 35 trens que atendem a população, 25 são os mesmos desde a inauguração há 30 anos

Site Da TV Jornal
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Publicado em 15/04/2015 às 8:22

-Reprodução/TV Jornal
Quando foi criado, há 30 anos, o metrô mal conseguia atingir sete mil passageiros por dia. Hoje, esse número chega a quase 400 mil. E, por incrível que pareça, dos 35 trens que atendem a população, 25 são os mesmos desde a inauguração. Na segunda reportagem especial da série Estação 30, que marca os 30 anos do metrô do Grande Recife, a necessidade de ampliar e modernizar o metrô e de fazer investimentos, principalmente, em segurança e manutenção.

A superlotação dos trens veio junto com outros problemas gerados pelo aumento na demanda dos últimos anos, provocado pelo Sistema de Integração com os ônibus. Como consequência, o metrô também tornou-se rota de vândalos e marginais. Os integrantes de Torcidas Organizadas chegam a fazer dos trilhos campo de batalhas, em que pedras e paus são armas perigosas. Imagens de confusões desses grupos são constantemente registradas pelas câmeras de segurança.

Essas ações, que parecem estar blindadas pela impunidade, só reforçam a sensação de insegurança entre os usuários. Medo sofrido também com as investidas de ladrões armados que abordam passageiros e levam a renda das bilheterias. Os metroviários atribuem essa insegurança aos cortes de pessoal terceirizado e da falta de recursos administrados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

Apenas 20% dos custos do metrô são bancados pela arrecadação do sistema, o que significa um déficit de 80% para manter os trens funcionando. Tudo bancado pelo Governo Federal, sem contrapartida do estado. As consequências são dificuldades para fazer a manutenção adequada, principalmente no caso dos 25 trens que circulam e que ainda são da frota inicial, de 30 anos atrás. Os usuários sentem os efeitos sempre que parte do sistema é paralisado por causa de equipamentos quebrados. De acordo com o professor de engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maurício Pina, a rede elétrica do metrô é vulnerável.

-Reprodução/TV Jornal
Nas oficinas de manutenção instaladas em galpões no bairro de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, 80 pessoas trabalham 24 horas para manter nos trilhos o funcionamento dos trens e das vias de circulação. As equipes fazem reparos, fabricação de peças e correção das panes, além da manutenção preventiva que é feita a cada 5 mil ou dez mil quilômetros rodados pelos trens. Mas muitas das horas trabalhadas pelas equipes de manutenção acontecem para corrigir as consequências dos atos de vandalismo. Portas, janelas e até parabrisas são alvos de pedradas, chutes e são danificados. Cerca de R$700 mil foram gastos no ano passado com a compra de vidros e janelas quebrados.

Grande parte dos problemas diários que afetam o metrô é resultado do comportamento dos usuários. O lixo que é jogado nas vias, a grande quantidade de ambulantes dentro e fora dos vagões, o desrespeito às normas de segurança. A faixa amarela, que limita o acesso dos passageiros nas estações, parece ter efeito meramente decorativo. É comum flagrar centenas de pés ultrapassando o limite. Uma regra quebrada que custou, há poucos dias, a vida do violinista Jessé de Paula Silva. Ele morreu ao ser atingido por uma das composições, na Estação Largo da Paz, em Afogados.

No centro de controle de operações do Metrorec, considerado um dos mais modernos do país, 36 controladores de tráfego se dividem em quatro turnos para dar conta das 317 viagens realizadas por dia pelos 15 trens que circulam na linha centro e 259 viagens de nove trens da linha sul. Na sala verde, como o lugar é chamado, tudo tem que ser administrado rapidamente para que não haja atrasos e acidentes, mas muitos dos problemas poderiam ser evitados com a colaboração dos usuários.

Nesta quinta-feira (15), na última reportagem da série Estação 30, exibida a partir das 7h30 no Notícias da Manhã PE, será abordado os caminhos que o metrô do Grande Recife deve trilhar para atender melhor a a população.