A superlotação do Hospital Agamemnon Magalhães, localizado no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, mostra o descaso com a saúde pública e a precariedade no atendimento ao paciente. Dona Severina, de 70 anos, é uma dessas pessoas que espera para ser atendida.
A idosa sofre de pressão alta, chegou ao hospital quase desmaiando e demorou quase 20 minutos para receber o auxílio médico. "Para a pessoa que paga imposto tudo em dia, o mínimo que poderia ter é saúde pública de qualidade. Principalmente no caso da minha mãe, que já é uma mulher de idade avançada. Deveria-se ter mais respeito", explica Alisson Fook, filho de Severina.
Na unidade, os pacientes disputam espaço na emergência e sofrem nas macas, sem conforto, alguns, inclusive deixados no chão, junto a material hospitalar espalhado pelo piso. "Se eu sou paciente, eu não deveria ser tratada como um animal. Eu sei que a culpa não é dos médicos e sim dos governadores, mas não posso ficar calada", afirma a estudante Ana Paula Souza. A realidade vista é confirmada por médicos que trabalham no local. Sem querer se identificar, eles afirmam que a superlotação existe, porque a ampliação do hospital nunca saiu do papel.
A superlotação não é o único problema do Hospital Agamenon Magalhães. Quem precisa da unidade reclama de falta de estrutura, falta de leitos e medicamentos, sujeira e, principalmente, de demora na marcação de exames. De acordo com a denúncia, a unidade sofre ainda com a falta de profissionais de saúde.
Sindicato
As condições de trabalho e atendimento da unidade chamaram a atenção do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). Representantes chegaram a visitar o local para constatar a precariedade. Agora, o próximo passo é acionar o Ministério Público e prestar a denúncia para o Governo.
Por conta disso, o deputado estadual Silvio Costa Filho, líder da oposição, solicitou uma reunião de emergência com o Governo do Estado. Caso nada seja feito, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) poderá ser acionado.
Denúncia
Ainda na última semana, pacientes do hospital denunciaram o descaso em um vídeo gravado dentro da unidade e expondo a situação do local. Em resposta às imagens, a Secretaria Estadual da Saúde (SES), afirmou em nota que não há profissionais suficientes para garantir um reforço no atendimento aos pacientes que usufruem dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
A Secretaria ressaltou ainda que a unidade de saúde segue cumprindo o papel de prestar assistência com prioridade aos casos mais graves, atendendo por mês mais de 5 mil pacientes nas emergências.
