Denúncia

Recomendações do MPPE para melhorar sinalização da orla são ignoradas

TV Jornal
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Publicado em 05/06/2018 às 9:00

-Reprodução/TV Jornal

Após dois ataques de tubarão em menos de dois meses, na orla do Grande Recife, foi reacendido o debate entre banhistas e órgãos públicos sobre a fiscalização e medidas de prevenção para evitar outras tragédias. Cerca de 50 quilômetros da orla contêm alertas de risco de ataques de tubarão, bem como placas com a orientações de segurança, muitas vezes ignoradas pelos banhistas.

A situação é acompanhada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que desde o ano passado fez uma série de recomendações ao governo do Estado e à Prefeitura para aumentar a segurança da população que visita o as praias. Segundo o órgão, essas recomendações não foram cumpridas.

Bombeiros

Ao longo de toda a orla são contabilizados 15 postos de observação dos Bombeiros. Segundo a Corporação, aos fins de semana, todos os postos de observação funcionam com três bombeiros em cada um. Durante a semana, apenas 10 ficam ativados. Mas, a população denuncia que a medida ainda não é suficiente. “Sempre que eu observo são esses postos fechados. Não tem segurança para nós banhistas no período da tarde. Bem que eles poderiam ativar", explica a encarregada operacional Luci Paula.

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Pendências

De acordo com o Ministério Público, entre as faltas do Estado na realização das recomendações de segurança está a realização de concurso para cobrir a falta de bombeiros, especialmente no efetivo do Grupamento de Bombeiros Marítimos. De acordo com o promotor Ricardo Coelho, faltam 267 profissionais. Além desses fatores, também foi solicitado o aumento da sinalização onde há maior risco de acidentes.

"A ideia é cercar esta área com bandeiras vermelhas, placas de advertência, redes de proteção, boias de sinalização na água. Aí sim o local ficaria bem sinalizado e até melhor para que a autoridade dos bombeiros pudesse atuar em sua fiscalização", explica o promotor.

Cemit

De acordo com o Coronel Bastos, presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), uma reunião realizada na manhã desta terça-feira (5) deve avaliar os ataques recentes e as condições de segurança na orla de Pernambuco. O resultado da reunião deve ser divulgado nesta quarta-feira (6).

O que pode e não pode fazer na orla

A sinalização existente se baseia nas regras determinadas por um decreto de 2014: a prática de esportes como o surf é proibida, assim como realizar mergulhos e natação. Mas o banho de mar é possível ser feito, obedecendo algumas restrições.

Veja o alerta dado pelo major do Corpo de bombeiros:

Casos Recentes

Ernesto Ferreira da Silva

Uma das vítimas foi o jovem de 18 anos, Ernesto Ferreira da Silva, que não resistiu aos ferimentos e faleceu nessa segunda-feira (4). O estudante foi atacado por um tubarão na tarde desse domingo (3), na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Ele estava no local se banhando junto ao irmão e a alguns amigos,quando foi atacado, nas proximidades da Igreja de Nossa Senhora da Piedade. O local é um dos mais incidentes de ataque de tubarão, contabilizando 12 casos.

O menino foi resgatado por um dos bombeiros que fazia a guarda do local. O homem afirmou que teria alertado não somente o jovem, mas todos que se banhavam na área sobre o perigo de mergulhar. Ainda conforme os Bombeiros, o jovem estava na parte funda do mar e foi alertado para voltar para a área rasa, quando foi atacado na perna esquerda e em parte do órgão genital do jovem. O estudante foi encaminhado para o Hospital Restauração e passou por cirurgias, mas não resistiu aos ferimentos.

Pablo Diego Inácio de Melo

A outra vítima foi Pablo Diego Inácio de Melo, de 34 anos, que passou um mês internado no Hospital Restauração. O turista foi atacado também na Praia de Piedade, em Jaboatão, no dia 15 de abril, próximo à igreja. O homem afirmou ter lutado com o tubarão ainda dentro da água e acredita ter acertado o nariz do animal e o espantado do local. No entanto, o entrave lhe custou caro.

Socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital da Restauração, no centro do Recife, Pablo passou um mês se recuperando das feridas deixadas pelo animal. Devido ao acidente, o homem perdeu a perna, e o braço direito e seu dedo da mão esquerda corre o risco de também ser amputado.

“Os médicos me falaram que do jeito que estava, eu não iria sobreviver, pois havia perdido muito sangue”, comenta Pablo. Segundo o homem toda a recuperação foi vista como um milagre, e agora o que ele deseja é volta para o Rio Grande do Norte, sua cidade natal, e receber a assistência da família. Entre os seus planos também está o sonho em ser um atleta paralímpico.