O Brasil vem conseguindo ampliar o acesso dos jovens à escola, mas não consegue garantir a qualidade do ensino. Oito em cada dez alunos do ensino fundamental estudam na rede pública municipal e a maior parte deles saem do colégio sem estar alfabetizados, segundo levantamento da Organização Não Governamental Todos Pela Educação. Os dados apontam que 60,3% dos alunos do 3º ano do ensino fundamental da rede pública não sabem ler, 74,1% não sabem escrever e 70,8% não dominam os conhecimentos esperados de matemática.
De acordo com especialistas em educação, esse quadro também está relacionado à renda das famílias brasileiras, já que os alunos mais pobres não têm acesso a atividades culturais. Além disso, como muitos pais também não são alfabetizados, acabam não tendo como ajudar muito na formação dos filhos.
Essa linha de pensamento está baseada na boa avaliação das escolas particulares, que vivem uma situação completamente oposta. Um estudo feito pelo Programa de Avaliação Internacional de Jovens (Pisa) em 65 países aponta que o Brasil ocupa o 18º lugar no ranking de educação se for levado em conta apenas as notas da rede particular. Porém, se o mesmo for feito com as notas da rede pública, a colocação brasileira despenca para o 59º lugar.
A desigualdade entre o ensino das redes particular e pública acaba criando uma desigualdade cultural e social, já que dos mais de 50 milhões de alunos brasileiros matriculados no ensino fundamental, cerca de 30 milhões estão na rede pública. Em Pernambuco, o número de estudantes do ensino fundamental da rede municipal chega aos 1,5 milhão.
Mesmo com uma realidade nada agradável, os especialistas reconhecem que nos últimos anos o Brasil evoluiu no que diz respeito ao acesso à educação. O questionamento agora gira em torno da qualidade do ensino.
Numa tentativa de pressionar pela melhoria dos serviços oferecidos, tramita no Congresso Nacional a Lei de Responsabilidade na Educação, que prevê punições para os governantes pela má gestão das escolas públicas. Um dos pontos previstos no decreto é de que governadores e prefeitos poderão ficar inelegíveis se deixarem cair o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) após os quatro anos de mandato.
Na terceira e última reportagem da série Educação, que será exibida nesta sexta-feira (31), serão mostrados exemplos de como é possível fazer uma escola pública de qualidade com a valorização dos professores.
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