Até o momento, apenas 10% dos documentos apreendidos na Operação Torrentes, deflagrada no dia 9 de novembro, foram analisados, segundo a Polícia Federal. Dessa forma, a PF não descarta novas prisões. "Estamos no começo da análise da documentação, com a análise do restante do material podem surgir novos fatos, pessoas podem ser trazidas para a investigação, outras empresas podem estar envolvidas e não se descarta possíveis novas ações com mandados de prisão e novas buscas e apreensões", explica o chefe de comunicação da PF em Pernambuco, Giovani Santoro, na manhã desta quarta-feira (22). A Operação Torrentes investiga irregularidades em projetos de reestruturação de cidades da Zona da Mata Sul de Pernambuco atingidas por enchentes em 2010 e em 2017.
Na noite dessa terça, dez pessoas investigadas na operação foram presas por ordem da Juíza Federal Carolina Souza Malta. Algumas delas já haviam presas na primeira fase da Torrentes e foram liberadas cinco dias depois. Foram expedidos nove mandados de prisão preventiva e dois de prisão domiciliar, mas uma das pessoas investigadas ainda não foi localizada. Dois oficiais da Polícia Militar, o tenente coronel Laurinaldo Félix do Nascimento e o coronel Fábio de Alcântara Rosendo, vão responder em liberdade. Eles tiveram os passaportes recolhidos, foram afastados das funções e pagaram fiança de dez salários mínimos. As prisões foram solicitadas pelo Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF-PE).
Os outros seis homens foram encaminhados, de acordo com decisão do juiz federal Rafael Chalegre do Rêgo. Os presos Ricardo Henrique Reis dos Santos, Ricardo José de Padilha Carício, Ítalo Henrique Silva Jaques, João Henrique dos Santos, Emmanoel Feliciano Ribeiro e Heverton Soares da Silva, foram encaminhados para o Centro de Triagem Professor Everaldo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. As duas mulheres envolvidas, Taciana Santos Costa e Rafaela Carrazzone da Cruz Gouveia Padilha, foram encaminhadas para a Colônia Penal Feminina do Recife. O foragido é Daniel Pereira da Costa Lucas.
Operação Torrentes
A Operação Torrentes surgiu a partir de denúncias anônimas envidas à Controladoria-Geral da União (CGU) em Pernambuco, ainda em 2016. Os contratos investigados totalizam R$ 450 milhões para compra de comida, colchões, filtros de água e lonas de proteção para os desabrigados. Segundo a PF, a fraude no valor de contratos para reestruturação de municípios da Mata Sul de Pernambuco após as enchentes de 2010 e deste ano pode chegar até a 30%. Segundo os investigadores, foi verificado ainda um conluio entre quatro grupos de empresas para que se conseguisse as licitações durante os períodos emergenciais.