Música e cultura

Luiz Gonzaga derrotou preconceitos para brilhar no rádio

Rádio EBC
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Publicado em 13/12/2017 às 20:10

-Reprodução

Segundo o crítico Ricardo Cravo Albin, Luiz Gonzaga não era “só o melhor entre todos os cantores de alma sertaneja, mas também o mais importante cantor-músico-compositor que o Nordeste já produziu”. "Gênio", que Cravo Albin compara a Ary Barroso, Pixinguinha, Tom Jobim ou Chico Buarque.

Não foi fácil a vida de Luiz Gonzaga do Nascimento até ser aceito pelo público e pela crítica. O músico nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na cidade de Exu, Pernambuco. Para sobreviver, passava o chapéu para arrecadar uns trocados nos bares da zona do baixo meretrício depois de tocar as músicas sertanejas que aprendeu com os amigos do Exército.

Em 1940, no Rio de Janeiro, procurou uma oportunidade nos programas de calouros. Na primeira vez, foi reprovado no Calouros em Desfile, de Ary Barroso, na Rádio Tupi, e no programa Papel Carbono, de Renato Murce, na Rádio Clube. Até que, um dia, no Bar Cidade Nova, no Mangue, estudantes cearenses pediram que ele tocasse música nordestina. Voltou para seu humilde quarto para ensaiar e passou a se lembrar dos velhos ritmos nordestinos. Outra vez, no bar, um fato inesperado aconteceu. Juntou gente da rua para ouvir a música "Vira e mexe". O bar ficou lotado. Ao se apresentar novamente no programa Calouros em Desfile, obteve a nota máxima, 5, raramente dada a alguém pelo exigente Ary Barroso.

Gonzaga se inspirou no gaúcho Pedro Raimundo, um sujeito alegre, que se apresentava como sulista no rádio. Decidiu imitá-lo, na Rádio Nacional. Apresentou a novidade, foi aceito, mas o figurino do Nordeste foi rejeitado. O diretor Floriano Faissal disse que ali não era “casa de cangaceiro”. O artista teria que vestir um summer, traje formal que não tinha nada a ver com a sua música. Aos poucos, porém, os dirigentes e apresentadores das emissoras se acostumaram com o traje e com o fato de Luiz Gonzaga ter abandonado as valsas, os tangos e os foxtrotes, que apresentava anteriormente. Seu jeito de cantar foi aceito aos poucos, com muita luta para vencer os preconceitos.

Em 1943, Luiz Gonzaga assinou o primeiro contrato para atuar fora do Rio de Janeiro, fazendo uma temporada no Cassino Ahu, em Curitiba. Começou a ser chamado de “o maior acordeonista do Brasil”. Nesse ano também ganhou o apelido "Maior Sanfoneiro Nordestino”, dado pelo então jovem radialista César de Alencar. Luiz Gonzaga se consagrou como um dos mais talentosos intérpretes da música popular brasileira. Ele morreu no dia 2 de agosto de 1989, no Recife, aos 76 anos.

A professora de PUC-RJ e jornalista Rose Esquenazi faz um resumo da carreira profissional do Rei do Baião, como "Asa Branca", "Xamego", "Baião", "O xote das meninas" e "O xamego da Guiomar".

Ouça a entrevista completa: