Transporte

Pesquisa: 60% deixariam automóvel por transporte público de qualidade

TV Jornal
TV Jornal
Publicado em 03/04/2018 às 20:35

-Diego Nigro / JC Imagem

Seis em cada dez motoristas deixariam de usar os veículos particulares para trajetos diários caso houvesse uma boa alternativa de transporte coletivo. O dado foi levantado em uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes sobre os hábitos e percepções da mobilidade urbana no dia a dia dos brasileiros.

Conforme o estudo, 60% dos 1.500 consumidores entrevistados, de todas as capitais, mudariam a opção de transporte caso tivessem opções melhores. “Este dado mostra, claramente, que o fato de a gente ter uma mobilidade urbana ainda insuficiente, faz com que mais e mais pessoas usem o carro. E se tivesse uma alternativa de qualidade boa, eles deixariam de usar. E aí a gente tem vários impactos. O trânsito, principalmente. Por conta desta preferência a gente tem um trânsito muito grande. Na nossa estimativa, o brasileiro passa, em média, um mês e sete dias no trânsito ao longo do ano”, explica o economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Apenas 17% dos entrevistados foram mais resistentes e manteriam o hábito de se locomover apenas com os veículos próprios. Para essas pessoas, surgem no topo da lista de vantagens o conforto (42%), a comodidade (37%) e a rapidez para se chegar ao destino (32%).

Segundo a pesquisa, 35% dos cidadãos se locomovem de transporte público porque ele é mais barato do que os demais tipos de transporte e 28% contam apenas com esse meio de locomoção disponível. “Quando a gente fala de tipo de transporte mais usado no dia a dia, na maior parte dos casos o ônibus foi o mais citado. Para ir ao trabalho, ele é usado por 53% das pessoas. Para a escola ou faculdade, ele é usado por 28% das pessoas, enfim, ele é o mais citado", acrescenta Kawauti.

A Confederação Nacional de Dirigentes defende que um sistema de transporte planejado, integrado e de qualidade, seria capaz de proporcionar menos emissão de poluentes, reduzir o número de acidentes no trânsito e também traria benefícios para a economia e para o bolso do consumidor. A pesquisa foi feita em parceria com o Sebrae e IBOPE e a margem de erro é de no máximo 3,0 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%.

Consciência de que é preciso mudar

Um estudo do Instituto Clima e Sociedade (ICS), organização não governamental (ONG) dedicada ao combate às causas das mudanças climáticas, aponta que os brasileiros têm consciência da importância de mudar as escolhas de transporte e também de priorizar a energia limpa.

Segundo a pesquisa, 85% das pessoas disseram que votariam em um candidato que propusesse a renovação da frota de ônibus e 84% dariam o voto a quem recuperasse de ciclovias e ciclofaixas. Além disso, 86% votariam naquele que prometesse a recuperação de calçadas e praças, facilitando, assim, a locomoção a pé pela cidade.

Rede precária

O Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), uma ONG com sede em Nova York, também acredita que os habitantes das grandes cidades sofrem com serviços precários. Dados da ONG apontam que a rede de transportes cobre apenas 19% da população de São Paulo e 30% da população do Rio de Janeiro.

De olho para cobrar

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) lançou um aplicativo para celular, chamado MoveCidade, que serve para verificar como está o funcionamento dos meios de transporte e gerar dados para cobrar melhorias das concessionárias e dos governos. A ferramenta foi lançada em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.