Arqueologia

Rosto de homem de 2 mil anos será exibido em museu da Unicap

TV Jornal
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Publicado em 27/04/2018 às 9:44

-Foto: Divulgação

A partir da próxima semana, quem visitar o Museu de Arqueologia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), no bairro da Boa Vista, área Central do Recife, poderá conhecer o rosto de um homem que viveu há dois mil anos. E não qualquer um: o “Flautista”, como é conhecido, é o personagem mais ilustre do museu, e morou na região do Brejo da Madre de Deus, no Agreste.

O crânio, encontrado na década de 80, ao lado de uma flauta feita de tíbia humana, foi submetido a um processo forense de reconstrução facial. O resultado foi divulgado na terça-feira (24), durante um evento da universidade. Agora, um vídeo mostrando cada etapa do processo será exibido em um televisor ao lado do expositor onde está o crânio.

Ao todo, foram três meses de trabalho. A primeira etapa consistiu em digitalizar o material, a partir de fotografias. Com auxílio de um programa gratuito para computador, as imagens foram convertidas e ganharam três dimensões. A partir daí, teve início o processo de preenchimento com tecidos moles (músculos e gordura), que durou cerca de uma semana.

O estudo foi acompanhado pelo cirurgião plástico Pablo Maricevich, o 3D designer Cícero Moraes, o historiador e professor do curso de licenciatura em história da Unicap, Luiz Carlos Marques, e os arqueólogos Flávio Moraes, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Estudos Arqueológicos e Históricos da Ufal, e Daniela Cisneiros Mützenberg, professora de graduação em arqueologia da UFPE e pesquisadora da Fundação do Museu do Homem Americano.

Sítio Arqueológico

Os ossos do Flautista estão entre os mais de 80 achados no Sítio Furna do Estrago, em 1983. De acordo com os pesquisadores, eles pertenciam a um homem falecido com cerca de 45 anos. As análises no crânio já permitiram aos pesquisadores determinar certas características daquela população.

Os ossos descobertos no Brejo da Madre de Deus estavam envoltos em tecidos, o que evidencia uma preocupação com os mortos, algo não muito comum na época. Outra informação importante fornecida pelo material é de que a população não tinha alimentação exclusivamente carnívora. Os desgastes e os indícios de processos inflamatórios na arcada dentária permitiram concluir que os homens ancestrais da região também consumiam raízes e vegetais duros.

O restante dos ossuários também devem ter os rostos reconstruídos. Mas a exposição que reunirá todos eles só deverá ser vista no próximo ano, de acordo com o designer do estudo.