Economia

Desemprego volta a acelerar em Pernambuco

TV Jornal
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Publicado em 17/05/2018 às 18:15

-EBC

A taxa de desemprego em Pernambuco continua elevada e mostrou aceleração. Segundo dados do IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua Trimestral (PNAD-T), o índice saiu de 16,8% no último trimestre de 2017 para 17,7% no primeiro trimestre de 2018. O valor é bem superior à taxa nacional (13,1%) e o quarto maior percentual entre todos os estados do País, ficando atrás apenas do Amapá (21,5%), Bahia (17,9%) e Alagoas (17,7%). O economista da Fecomércio, Rafael Ramos, analisa vários aspectos da economia. Confira:

Aumentou o desemprego, se comparando com 2017

Quando comparada com o mesmo período de 2017, a taxa de desemprego mostra alta, com elevação de 56 mil pessoas no número de desempregados, saindo de 17,1% para 17,7%. Este movimento é uma sinalização importante e preocupa, pois indica que o mercado de trabalho ainda mostra deterioração e dificuldades de recuperação, pois os trimestres são referentes aos mesmos três primeiros meses, esperando-se desta forma uma melhora no indicador já que o cenário econômico em 2018 se mostra mais positivo do que nos mesmos períodos dos três anos anteriores.

Mais difícil para as mulheres

Conforme apontado pela pesquisa, as mulheres continuam apresentando uma maior dificuldade de se inserir no mercado de trabalho. A taxa de desemprego das mulheres ficou em 18,1% no trimestre encerrado em março de 2018, porém entre os dois últimos trimestres o desemprego do público feminino mostrou estabilidade. Já a população masculina apresentou alta, saindo de 15,9% para 17,7%.

Aumentou a informalidade

No resultado por tipo de ocupação, verifica-se uma elevação do número de ocupado sem carteira de trabalho assinada, refletindo ainda um aumento da informalidade. O número da população que trabalha por conta própria quase se igual ao total de pessoas empregadas com carteira de trabalho assinada.

Rendimento

O rendimento médio dos ocupados mostrou crescimento, impactado por uma inflação ainda muito baixa em todo o país, saindo de R$ 1.555 para R$ 1.606. A massa de rendimento real de todos os trabalhos também mostra elevação e já é superior aos mesmo períodos de 2016 e 2017 apesar do desemprego crescente, o que também é uma influência do comportamento do nível geral dos preços dos últimos anos, que mostra desaceleração contínua. Os setores que mais mostraram crescimento no número de ocupados em relação ao mesmo período de 2017 foi a Indústria Geral, Indústria de Transformação e a Administração pública.

Maior procura

O aumento na busca por emprego foi o que mais impactou a elevação da taxa de desemprego no Estado. Analisando-se o comportamento do total da população ocupada, é identificado um aumento em relação ao trimestre anterior (0,3%) e ao mesmo trimestre do ano anterior (3,4%), o que em números equivale a uma população de aproximadamente 3,5 milhões de pessoas. Já a população desocupada mostrou crescimento de 6,72% e 8,12% em relação ao trimestre anterior e ao mesmo trimestre do ano anterior, correspondendo a 746 mil desocupados nos três primeiros meses do ano.

Desta forma, o crescimento da população economicamente ativa, em proporção maior do que a criação e disponibilidade de vagas de empregos no Estado, é um dos principais motivos para que o percentual da taxa de desemprego pernambucana entre os dois últimos resultados se elevasse. Significando que a economia de Pernambuco ainda não mostrou dinamismo suficiente para absorver em proporção maior a parcela da população que anseia por emprego e renda.

Comércio, Indústria, Serviços e Agricultura
O mercado de trabalho pernambucano diante dos resultados apresentados é um reflexo da recuperação dos setores do Comércio e Indústria, além do negativo desempenho do setor de serviços. O Comércio vem apresentando elevação no volume de vendas, porém ainda não em níveis suficientes para que o empresário invista em aumento de equipes ou na abertura de novos pontos.

Por outro lado, a indústria ainda se encontra em um cenário mais crítico, oscilando entre modestos crescimentos e recuos mensais na produção, o que também inibe o crescimento da produção com novas contratações.

No setor de serviços, responsável pela grande maioria dos empregos dentro do Estado, é possível ver um fraco dinamismo influenciado pelos outros setores e também não conseguindo incentivar um movimento de novos investimentos que captem parte da mão de obra ofertada atualmente.

O crescimento de 2,0% no PIB de Pernambuco, o dobro do nacional, também foi puxado pelo setor da agricultura, que é um setor que não consegue gerar uma proporção de vagas que amenize a situação crítica do mercado de trabalho. Desta forma, o Estado precisa de um plano de recuperação importante dos setores ainda deteriorados devido a crise dos últimos anos, visando uma recuperação do ambiente de negócio, com criação de emprego, renda e arrecada de receita através de impostos para o setor público reinvestir melhorando a qualidade da gestão pública.

Primeiro Semestre

Vale destacar que a taxa de desemprego nos primeiros três meses do ano costuma ser superior ao demais períodos, pois nesta época os contratos dos empregos temporários gerados devido a alta demanda do final de ano são encerrados. Além disso, a atmosfera de um novo ano leva parte da população a buscar emprego ou até a pedir demissão devido a criação de metas pessoais. Outro fator importante, é a questão do orçamento mais restrito no início do ano, com pagamentos de impostos, como IPTU e IPVA, pagamentos de matrículas dos serviços de educação, com alta probabilidade de já apresentar reajustes o que acaba reduzindo a renda das famílias, além da intenção de comemorar períodos tradicionais como Carnaval e Páscoa pressionam uma maior busca por ocupação.