GREVE DOS CAMINHONEIROS

Mesmo após anúncio de Temer, caminhoneiros dizem que seguem em Suape

TV Jornal / JC Online com Agências
TV Jornal / JC Online com Agências
Publicado em 28/05/2018 às 15:35

-Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem

Mesmo com a afirmação do presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, que disse que o momento agora é de que os caminhoneiros voltem às suas atividades, os trabalhadores que estão em Suape seguem protestando. Pela manhã, os caminhoneiros não permitiram a saída de 30 caminhões carregados de botijões de gás, mesmo escoltados pelo Exército, e dizem que só saem do local depois de acertar pauta de reivindicações com o governador Paulo Câmara.

Um comboio com 16 caminhões-tanque terá o abastecimento liberado pelos caminhoneiros, totalizando 50 que saíram de Suape desde esse domingo (27).

Os trabalhadores dizem não aceitar a proposta do Governo Federal. "A gente só sai daqui quando terminar tudo. O valor do diesel que ele baixou a turma não tá querendo, não. É palhaçada. Hoje está fazendo oito dias, se for possível passaremos até mais oito", disse um dos caminhoneiros. Apenas gás a granel, que é levado para hospitais, teve a passagem permitida.

“Ninguém vai arredar o pé”, disse o advogado do Movimento dos Caminhoneiros Autônomos do Pernambuco, André Fonseca.

A categoria aguarda uma reunião ainda nesta segunda com o governador Paulo Câmara (PSB) quando entregarão uma pauta de reivindicações que não foram contempladas nos dois acordos com o governo federal. Entre elas, estão a renovação a frota com isenção de impostos, semelhante à que é concedida às pessoas com deficiência, a redução nos preços da gasolina, do álcool e do gás de cozinha. No entanto, a assessoria do governo já avisou que Câmara não tem reunião agendada com os manifestantes. Por volta das 13h, Nilton Mota, Secretário da Casa Civil do Governo do Estado, tentava convencer os caminhoneiros a levantar acampamento.

“Não basta aquela medida ridícula, inaceitável do senhor presidente Michel Temer , quando reduz em 0,46 centavos o litro do óleo diesel sem se referir ao álcool, à gasolina e ao gás de cozinha, que são reivindicações dos caminhoneiros também. Com o único objetivo de paralisar o movimento, de dispersar o movimento, de jamais permitir uma reunião de pessoas trabalhadoras”. disse André Fonseca.

“Se o governador recuar ou se acovardar ou se eximir da sua responsabilidade e de seu compromisso tratado conosco, Pernambuco para porque ai é um conluio do governo federal com o governo estadual. Tudo o que vai acontecer vai depender do governador”, disse.”, disse Fonseca.

Fotos: Ezequiel Quirino / Arnaldo Carvalho / Felipe Ribeiro / Bobby Fabisak / JC Imagem

Nacional

"Vamos colocar ordem nesse segmento que transporta o Brasil nas costas. Um segmento que antes não tinha o reconhecimento do governo, que estava em uma situação pior que um indigente. A partir de hoje, essa situação deve se resolver", disse o presidente da Abcam.

O governo publicou na noite deste domingo, 27, em edição extra do Diário Oficial da União, as três medidas provisórias (MPs) para atender a novos pedidos dos caminhoneiros, que completaram uma semana parados.

Pacote de medidas

Para tentar pôr fim à greve, o presidente Michel Temer cedeu e reduziu em R$ 0,46 o valor do diesel, com corte em tributos como a Cide e o PIS/Cofins.

O pacote de medidas também contemplou as três MPs que foram publicadas no Diário Oficial da União. A primeira delas determina que 30% dos fretes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sejam feitos por caminhoneiros autônomos, que serão contratados por meio de cooperativas, entidades sindicais ou associação.

A segunda MP institui a Política de Preços Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargo. Segundo o texto publicado no DOU, o governo publicará duas vezes por ano uma nova tabela de preço mínimo de frete por quilômetro de acordo com o tipo de mercadoria transportado (carga geral, a granel, frigorificada, perigosa e neogranel). A primeira tabela será publicada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em até cinco dias e valerá até o dia 20 de janeiro de 2019.

Se o governo atrasar na publicação do reajuste do preço mínimo, a tabela anterior será corrigida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou por outro índice de preços.

A terceira MP prevê isenção de cobrança de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios, em rodovias federais, estaduais e municipais, inclusive as que foram concedidas à iniciativa privada.