DESCASO NA SAÚDE

Médicos do Recife decretam greve por tempo indeterminado

TV Jornal / JC Online
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Publicado em 20/09/2018 às 16:35

-Foto: Divulgação/Simepe

Falta de medicamentos, insegurança e infraestrutura precária motivaram os médicos da Prefeitura do Recife a decretarem greve, nesta quinta-feira (20), por tempo indeterminado.Os serviços de exames e consultas marcadas ficarão suspensos a partir da sexta-feira (21), quando se inicia a greve oficialmente. De acordo com o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), será mantido o funcionamento normal das urgências e emergências das unidades de saúde, maternidades e capes municipais.

Acordos feitos com a gestão municipal desde 2017 estavam sendo aguardados pelos profissionais de saúde desde janeiro deste ano, e até então, não receberam nenhum retorno da pasta responsável. "Vários pontos foram discutidos, entre eles, a segurança das unidades, ronda de vigilantes, que é algo mais do que necessário, pois há vários relatos de criminalidade nos estacionamentos dos hospitais", relata Tadeu Calheiros, presidente do Sindicato.

Ainda segundo o Simepe, foi prometido pela Prefeitura do Recife o melhoramento de 18 pontos de atendimento ao paciente. "Apenas um foi entregue, e outros nem sinal de alguma mudança", lamenta Tadeu. Também estava prevista a construção de cinco unidades de saúde, mas, até a decisão da greve, apenas duas começaram a ser feitas, e outras três ainda nem têm previsão de início.

Outra reivindicação da categoria é a falta de medicamentos. "Temos 50% dos pacientes de saúde mental que não recebem medicamentos corretos, pois não tem nada em estoque", diz o presidente do sindicato. Faltam remédios essenciais, como dipirona. Gases, soros, luvas, agulhas e seringas também são escassas.

A remuneração dos médicos municipais é um outro item questionado pelos grevistas. Eles pedem novos concursos públicos para aumentar o quadro de profissionais, o que havia sido prometido pela Prefeitura para o segundo semestre deste ano, mas não foi cumprido. A equiparação do salário, que está 4.91% a menos que o dos profissionais de saúde do Estado, também é outro ponto discutido.

A greve só para quando tivermos vigilantes, propostas de segurança eficazes, iluminação nas áreas externas dos hospitais e planejamento das construções prometidas, medicamentos e condições de trabalho que possam dar a estrutura adequada para recebermos os pacientes", pontua Tadeu.

Residentes do HGV já estavam em greve

Os médicos residentes do Hospital Getúlio Vargas (HGV), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, decidiram decretar greve por tempo indeterminado nessa segunda-feira (17). A paralisação acontece para denunciar as condições precárias de atendimento, a falta de insumos básicos para a realização de procedimentos médicos e a ausência de medicamentos.

Já a direção do HGV informou, através de nota, que está abastecida dos insumos necessários para as cirurgias e que as faltas são pontuais, havendo um esforço da gestão para resolver caso a caso. O hospital também afirma que, com um curto-circuito no ar-condicionado do Centro de Material e Esterilização (CME), no último dia 8, foi necessário interromper algumas cirurgias enquanto toda área era higienizada, evitando qualquer risco para os pacientes. Mas, segundo a coordenação do centro de saúde, a situação do CME já foi normalizada.

O HGV também se posicionou sobre a paralisação dos residentes na mesma nota. A direção explicou que vem dialogando com os representantes da categoria para resolver a situação e, com isso, não prejudicar os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O hospital também garantiu que, durante a greve, os procedimentos cirúrgicos estão realizado pelos preceptores, dentro da capacidade da equipe.

Finalizando, o hospital afirmou em nota que nos próximos dias será entregue a nova emergência da unidade, com 100 leitos, com o objetivo de trazer mais conforto para pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde que atuam no HGV.