Educação

7 milhões de estudantes têm dois ou mais anos de atraso escolar

Unicef
Unicef
Publicado em 29/03/2019 às 18:01

-Agência Brasil

No Brasil, há mais de 35 milhões de estudantes matriculados no ensino fundamental e no ensino médio. Desses, mais de 7 milhões vão à escola, mas estão em situação de distorção idade-série, ou seja, possuem dois ou mais anos de atraso escolar. São quase 5 milhões de estudantes no ensino fundamental e mais de 2 milhões no ensino médio.

A partir do desafio desse desafio, o Unicef lançou o "Panorama da distorção idade-série no Brasil".

O documento faz um diagnóstico do atraso escolar por etapa de ensino na educação básica, por cor, raça e gênero, por regiões brasileiras, áreas rural e urbana e outros recortes territoriais, e também analisa a situação de crianças e adolescentes com deficiência.

"Estar na escola não é suficiente. Garantir o direito à educação significa ofertar oportunidades reais de aprendizagem relevante para todos, sem deixar ninguém para trás. Os mais afetados pelo atraso escolar são meninas e meninos vindos das camadas mais vulneráveis da população, já privados de outros direitos. Por isso, é urgente desenvolver estratégias específicas para alcançar esses diferentes grupos populacionais", ressalta a representante do UNICEF no Brasil, Florence Bauer.

Alguns pontos identificados pelo estudo, foram:

O ensino médio é a etapa da educação básica em que há o maior percentual de estudantes com dois ou mais anos de atraso escolar. São mais de 2,2 milhões de adolescentes em situação de distorção idade-série, o que corresponde a 28% dos estudantes dessa etapa.

A distorção idade-série ocorre de forma desigual no território brasileiro. O indicador é, em particular, mais elevado nas regiões Norte e Nordeste, com 41% e 36%, respectivamente.

As populações indígenas e negras tendem a ser as mais afetadas no que se refere à taxa de distorção idade-série. Enquanto 12,6% dos estudantes brancos nas zonas urbanas estão com dois ou mais anos de atraso escolar, esse indicador chega a 29,4% entre os negros e 33,1% em indígenas.

Na zona rural, o padrão da desigualdade se agrava mais, tanto entre os negros e indígenas, estando 35,7% e 44,7%, respectivamente, como entre os brancos, com 18,2%.

As diferenças de gênero afetam significativamente a trajetória escolar. A situação é mais grave no 6º ano, com 50% dos meninos e 30% das meninas matriculados em escolas na zona rural em atraso escolar.

O documento ainda aponta caminhos para reverter o cenário que imobiliza milhões de crianças e adolescentes no Brasil em um ciclo de fracasso escolar. Entre os próximos passos para garantir trajetórias de sucesso escolar, o UNICEF sugere aos governantes que a partir desses diagnósticos, estabelecer políticas públicas específicas para enfrentar o fracasso escolar – com foco nos mais vulneráveis e desenvolver propostas pedagógicas de atenção especial a estudantes.