Dados

Desemprego cresce em Pernambuco

A falta de empregos atinge 678 mil pessoas em Pernambuco, 30 mil a mais que no trimestre anterior

Giovanna Torreão
Giovanna Torreão
Publicado em 16/05/2019 às 18:09
Foto: Reprodução/Internet
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A taxa de desemprego pernambucana mostrou crescimento no primeiro trimestre de 2019, segundo o IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua Trimestral (PNAD-T). O valor saiu de 15,5%, no último trimestre de 2018, para 16,1% no primeiro de 2019. No entanto, a taxa é inferior ao mesmo período de 2018, quando o percentual era de 16,7% de desocupados. A falta de empregos atinge 678 mil pessoas em Pernambuco, 30 mil a mais que no trimestre anterior e 65 mil a menos que no mesmo trimestre do ano anterior.

O economista da Fecomércio Rafael Ramos lembra que o primeiro trimestre do ano é tradicionalmente de pressão no desemprego, isto porque, existe um maior número de cortes de vagas, por reestruturação de equipes, cortes de parte das contratações temporárias para o final do ano, pessoas que estavam desempregadas buscam mais emprego no início do ano tomada pelo sentimento de renovação com a chegada do novo período, maiores pedidos de demissão por pessoas que embarcam em novos projetos, além de ser também um período de maiores gastos, como pagamentos de impostos, matrículas, renovação de serviços e etc, o que leva a outros membros das famílias a buscar uma vaga para contribuir com renda e amenizar a restrição do orçamento familiar.

O cenário macroeconômico do Estado já apontava esta alta do desemprego, ainda segundo o economista. "A desaceleração das vendas do Varejo no primeiro trimestre, do volume de serviços, além do nível de produção industrial já sinalizavam um desaquecimento nos setores. Este movimento tem o poder de segurar os investimentos do setor produtivo, o que consequentemente adia o nível de contratação", considera Ramos. Os números apontam que proporção de desempregado no Estado ainda é muito elevada, ficando em quinto lugar no país, atrás apenas do Amapá (20,2%), Bahia (18,3%), Acre (18,0%) e Maranhão (16,3%).

Por outro lado, o Estado possui a menor taxa total de subutilização da força de trabalho, que agrega os desocupados, os subocupados por insuficiência de horas e a força de trabalho potencial, na Região Nordeste, registrando 31,8%, este percentual apresentou modesto crescimento em relação ao trimestre anterior, quando a taxa era de 31,6%. "É importante destacar que, efetivamente, a taxa de desocupação subiu devido a um maior número de pessoas buscar emprego entre janeiro e março, já que a população ocupada registrou queda de 12 mil pessoas entre os dois últimos trimestre, número inferior ao aumento da população desocupada no mesmo período de comparação, que foi de 30 mil", considera Rafael.

2 mil pessoas deixaram de trabalhar com carteira de trabalho assinada no setor privado

Entre o último trimestre de 2018 e o primeiro de 2019, em torno de 2 mil pessoas deixaram de trabalhar com carteira de trabalho assinada no setor privado, excluindo-se os empregados domésticos, já a contratação de mão de obra informal no setor privado cresceu 1,43%, mostrando tendência preocupante para parte da população que não está acobertada por direitos trabalhistas, o que também se transforma em problemas fiscais para o setor público ligados a previdência no futuro. O destaque negativo deste trimestre ficou com a situação “empregador”, que são aquelas pessoas que empregam ao menos uma pessoa no estabelecimento, com corte de 18 mil pessoas nesta situação em apenas três meses.

Vagas encerradas

Em relação aos grupamentos de atividades, verifica-se que em relação aos últimos três meses de 2018, a Indústria Geral e o Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas juntos encerraram 37 mil vagas, na outra ponta a Construção Civil e o Serviço de Transporte, armazenagem e correios mostram criação de vagas, com o primeiro gerando 11 mil e o segundo 14 mil empregos.

A massa de rendimento real pernambucana também mostrou variação positiva com alta de 10,49% e 4,70% quando comparados com o trimestre anterior e o mesmo do ano anterior, respectivamente. "O resultado é bastante favorável para a economia, pois gera impactos positivos na medida que aumenta a renda geral e a proporção a consumir, podendo contribuir para uma recuperação no desempenho do comércio e serviços ligados ao consumo das famílias", diz o economista.

Expectativa

Segundo o especialista, a expectativa para os meses seguintes é de uma melhora em ritmo modesto, pois é um período de maior aquecimento para o comércio, indústria e serviços. Outro ponto positivo é a tendência à estabilidade dos ocupados, pois grande parte dos empregados evitam mudar de emprego, as empresas já estão com os planos traçados em andamento voltando a contratar e o ritmo da economia no segundo semestre pode contribuir, acreditando-se que alguns gargalos como a votação da reforma da previdência tenham sidos vencidos, dando assim uma pressão menor a taxa de desemprego no segundo trimestre.

Referência: Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua Trimestral (PNAD-T). 1º TRI/2019.