Desastre Ambiental

Vendedores sentem queda do movimento na Praia de Itapoama, no Cabo

Vendedora resolveu limpar o óleo da praia, lugar de onde tira o sustento: "Viemos trabalhar, mas não tem cliente"

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 26/10/2019 às 11:42
Juliana Oliveira/TV Jornal
FOTO: Juliana Oliveira/TV Jornal

Ainda é possível encontrar resíduos de óleo nas praias do Cabo de Santo Agostinho na manhã deste sábado (26). O município da Região Metropolitana do Recife (RMR) foi um dos atingidos pelo vazamento de óleo que chega ao litoral do Nordeste desde o início do último mês de setembro. A reportagem da TV Jornal esteve na Praia de Itapoama no começo do dia e encontrou pequenas quantidades do material dispersas pela areia. A situação atinge os comerciantes, que creditam o baixo movimento na praia à contaminação causada pelo desastre ambiental.

"Esse horário já era para ter cliente, já era para ter banhista. Viemos trabalhar, mas não tem cliente", disse a vendedora Mônica. Nesta semana, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, fez uma recomendação para que as pessoas evitassem tanto o banho de mar, como o contato com a areia das praias que foram atingidas pelo óleo.

A vendedora estava entre os moradores locais que se empenhou nas ações de retirada do óleo do local de onde tira o próprio sustento. Segundo ela, o contato com o produto acabou prejudicando a sua saúde: "Eu trabalhei o primeiro dia, dei o sangue. Mas no segundo dia eu não consegui sair da cama. Melhorei, aí fui trabalhar normalmente, não aguentei e até hoje estou doente.

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Mônica fala que o produto é muito agressivo e que, mesmo usando de EPIs, sentiu os efeitos de manter contato com o óleo. "O cheiro é muito forte, o produto é muito agressivo porque, assim, eu não tive muito contato porque usei EPIs, mas, infelizmente, eu senti os sintomas", relatou a vendedora, que se queixou de dores de cabeça e na garganta.

Para os banhistas, a recomendação é evitar o banho de mar nos locais atingidos pela substância
Para os banhistas, a recomendação é evitar o banho de mar nos locais atingidos pela substância
Reprodução/TV Jornal

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Mesmo diante do prejuízo à saúde, Mônica disse que iria atrás de EPIs para continuar ajudando na retirada dos fragmentos de óleo na praia ainda neste sábado. "Eu fico muito triste. Porque eu amo isso aqui; eu sou nativa, sou comerciante, eu abri mão de tudo para trabalhar isso aqui, para viver isso aqui. É de partir o coração. Desde domingo que a gente viu aquele óleo chegando, eu não resisti, pelo fato de amar o lugar que eu moro", lamentou.

Reunião com o prefeito

Nas proximidades da sede da Guarda Municipal da Praia de Itapoama, acontece na manhã deste sábado uma reunião do prefeito Lula Cabral (PSB) com agentes da Codecipe, Secretaria de Meio-ambiente e representantes das Forças Armadas.

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No local chegam donativos a todo instante. Entre alimentos, água, protetor solar, roupas, luvas e botas a população tem se mobilizado para conter a chegada do material às praias.

Exército, Marinha e voluntários,  limpam a praia de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho
Exército, Marinha e voluntários, limpam a praia de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho
Felipe Ribeiro/JC Imagem

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