TRAGÉDIA EM DOIS UNIDOS

Investigações criminais sobre deslizamento que deixou 7 mortos começam nesta quinta (26)

Os trabalhos serão feitos pela Delegacia do Alto do Pascoal

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 25/12/2019 às 17:51
Felipe Ribeiro/JC Imagem
FOTO: Felipe Ribeiro/JC Imagem

Começam, oficialmente, nesta quinta-feira (26), as investigações sob o aspecto criminal do deslizamento da barreira em Dois Unidos, na Zona Norte do Recife. De acordo com a informação oficial da Chefia da Polícia Civil, os trabalhos serão feitos pela Delegacia do Alto do Pascoal e serão coordenados pela delegada Lídia Barci.

O principal objetivo é descobrir as causas do deslizamento e identificar se há culpados, intencionais ou não, por ele, que provocou a morte de sete pessoas e deixou outras três feridas. Familiares das vítimas e moradores do Córrego do Morcego, onde aconteceu a tragédia, são unânimes em afirmar que o rompimento de um cano da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) provocou o acidente. E garantem, inclusive, que situação idêntica aconteceu em 2000, sem deixar vítimas, apenas danos materiais.

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Investigações

Ninguém da Polícia Civil falou sobre o início das investigações. Mas a expectativa é de que os três sobreviventes do deslizamento, parentes dos mortos e pessoas que residem na Rua Bela Vista sejam os primeiros a serem ouvidos no inquérito policial que está sendo instaurado.

A população afirma que o deslizamento aconteceu após um cano começar a vazar água. E justificam a afirmação com o fato de que, na segunda-feira (23/12), havia chegado água no morro, distribuída através de um sistema de rodízio. No dia da tragédia, entretanto, o engenheiro civil da Compesa Aprigio Trajano, afirmou que não havia vazamento pendente na área. “Há registros antigos de reclamação, que já foram sanados. Ontem (segunda-feira) e hoje (terça-feira) não houve nenhum registro de vazamento”, disse. Funcionários da Compesa também serão ouvidos no inquérito policial.

Mais apuração

Em paralelo à investigação da Polícia Civil, a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Recursos Hídricos está apurando as causas do deslizamento. Além de investigações visuais, peritos realizam ensaios e análises geotécnicas e hidráulicas do funcionamento das adutoras e tubulações que passam pela localidade. Assim, o governo de Pernambuco pretende entender as movimentações de terra e do sistema de abastecimento de água no local do acidente.

A previsão é de que os laudos indicando o que provocou o deslizamento de barreira fiquem prontos em 15 dias. Na coletiva de imprensa realizada no dia do deslizamento, a secretária Fernandha Batista afirmou que não havia registro de ocorrência de vazamento na área nos últimos 30 dias, prazo maior do que o informado pelo engenheiro da Compesa. “Mas não descartamos a possibilidade de haver vazamento, mesmo sem registro. Isso tudo será identificado através da elaboração do laudo que já começou a ser produzido”, afirmou a secretária.