Violência

Homens invadem estúdio de rádio e ameaçam agredir radialista que criticou Bolsonaro no Agreste; veja vídeo

O fato ocorreu na cidade de Santa Cruz do Capibaribe

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FOTO: Reprodução/YouTube

Na noite dessa terça-feira (6), quatro homens, que não foram identificados, invadiram um estúdio de rádio localizado na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco. Os homens, que se declaram apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ameaçaram agredir o radialista Júnior Albuquerque, após ele fazer críticas à política sanitária do Governo Federal frente à pandemia do novo coronavírus (covid-19).

Em entrevista à reportagem do JC Online, o radialista Júnior Albuquerque, que trabalha no ramo há 10 anos, explicou o porque do comentário. "Fazemos um programa opinativo todas as terças-feiras na Rádio Comunidade, em Santa Cruz. Há algumas semanas entrou em pauta as quase 300 mil mortes por covid-19 no Brasil (na época ainda não havíamos superado esta triste marca) e eu fiz um comentário opinativo, onde expus que no meu ponto de vista, Hitler não era o único culpado do genocídio que aconteceu na Alemanha, pois quem o apoiou e quem se calou também teve sua parcela de culpa. Assim como no Brasil, em relação à covid-19, os eleitores de Bolsonaro que concordam com a política sanitária que ele vinha fazendo, também iam ter culpa e a história ia dizer isso".

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Ameaças

O comunicador informou ainda que recebeu muitas ameaças após o comentário. No programa de 30 de março, no entanto, ele comentou que gostaria de ter uma conversa com essas pessoas para que eles pudessem debater sobre o assunto. "Eu disse que queria que esse pessoal fosse até a rádio pra gente debater e eles me explicarem o motivo de tanta raiva e também me mostrarem o que foi que o presidente deles fez de bom. Quando foi ontem eles invadiram o estúdio da rádio e me ameaçaram", disse.

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Confira o vídeo

Queixa

A agressão só não aconteceu, segundo Júnior, porque seus colegas de bancada conseguiram intervir. Ao sair do estúdio, o radialista prestou queixa na Polícia Civil do município. Além disso, o radialista pretende ainda nesta semana realizar uma queixa-crime no Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

Agressões a jornalistas cresce no Brasil

Segundo o levantamento feito pela Fenaj, o Brasil registrou 428 casos de ataques a profissionais de imprensa em 2020. Este número é 105% maior do que as notificações do ano anterior. Entre os casos, foram registrados dois assassinatos.

Para a Fenaj, o agravamento dos números está relacionado à chegada de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Sozinho, Bolsonaro foi responsável por 175 ataques. Foram 145 ataques genéricos e generalizados a veículos de comunicação e a jornalistas, 26 casos de agressões verbais, um de ameaça direta a jornalistas, uma ameaça à TV Globo e dois ataques à FENAJ.

Ainda segundo a Fenaj, A postura de Bolsonaro incentiva os apoiadores do presidente a agredirem jornalistas. “Esse crescimento está diretamente ligado ao bolsonarismo, movimento político de extrema-direta, capitaneado pelo presidente Jair Bolsonaro, que repercute na sociedade por meio dos seus seguidores. Houve um acréscimo não só de ataques gerais, mas de ataques por parte desse grupo que, naturalmente, agride como forma de controle da informação. Eles ocorrem para descredibilizar a imprensa para que parte da população continue se informando nas bolhas bolsonaristas, lugares de propagação de informações falsas e ou fraudulentas”, disse Maria José Braga, presidenta da FENAJ, membra do Comitê Executivo da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e responsável pela análise dos dados.