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Covid-19: Estudo da Fiocruz sugere que variante delta pode causar mais reinfecções

A pesquisa da Fiocruz sobre a covid-19 foi publicada na revista científica Cell

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Publicado em 29/06/2021 às 14:50 | Atualizado em 04/05/2022 às 16:08
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Com informações da Agência Brasil.

Uma pesquisa sugeriu que a variante delta do novo coronavírus (SARS-CoV-2) tem potencial de causar reinfecções e criar novos quadros da covid-19 em pessoas já curadas da doença. Esse estudo teve participação de cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A variante foi detectada pela primeira vez na Índia e já está presente em 85 países. A primeira morte no Brasil ocorreu no último fim de semana.

O trabalho foi publicado na revista científica Cell, e teve os detalhes divulgados ontem (28) pela Agência Fiocruz de Notícias. 

A pesquisa concluiu que pessoas previamente infectadas por outras cepas do novo coronavírus possui anticorpos menos potentes contra a variante delta, que é uma das quatro variantes de preocupação já identificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Aumento de risco?

A Fiocruz diz que o aumento do risco é marcante nas pessoas que tiveram uma infecção anterior da variante gama, cepa que foi dominante no Brasil e identificada pela primeira vez em Manaus.

Nesses casos, a capacidade de os anticorpos neutralizarem a variante delta é 11 vezes menor. O mesmo ocorre com a variante beta, que foi descoberta na África do Sul.

A divergência antigênica da variante delta é menor quando comparada à variante alfa, que foi a primeira de preocupação a entrar no radar da OMS, ao surgir no Reino Unido.

De acordo com a Fiocruz, cientistas avaliam que "o achado indica que vacinas baseadas na variante alfa podem proteger amplamente contra as variantes atuais, o que pode ser uma informação relevante para a formulação de novos imunizantes".

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Apesar de sugerir um escape maior do vírus ao ataque dos anticorpos produzidos em infecções anteriores, a pesquisa revela que as vacinas de RNA mensageiro e vetor viral, como Pfizer e AstraZeneca, continuam eficazes contra a infecção pela cepa delta.

Essa eficácia, porém, é reduzida com a mutação sofrida pelo vírus na proteína S, que forma a estrutura viral usada para iniciar a invasão da célula do hospedeiro.

A pesquisa constatou que a capacidade de neutralizar a variante delta é 2,5 vezes menor no caso da vacina da Pfizer, e 4,3 vezes menor para a AstraZeneca.

Segundo o artigo, esses índices são semelhantes aos que já haviam sido registrados nas variantes alfa e gama. Desse modo, a variante beta continua a ser a única em que há evidência de fuga generalizada da neutralização.

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“Parece provável, a partir desses resultados, que as vacinas atuais de RNA e vetor viral fornecerão proteção contra a linhagem B.1.617 [que tem três sublinhagens, incluindo a variante delta], embora um aumento nas infecções possa ocorrer como resultado da capacidade de neutralização reduzida dos soros”, afirma um trecho do artigo traduzido pela Fiocruz.

A pesquisa

O estudo foi liderado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e envolveu 59 pesquisadores do Reino Unido, da China, do Brasil, dos Estados Unidos, da África do Sul e Tailândia.

No Brasil, participaram o Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o Laboratório de Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia) e a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS/AM).

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Nas análises, os pesquisadores investigaram a ação de 113 soros, obtidos a partir de pacientes infectados e imunizados, englobando seis cepas do novo coronavírus: uma linhagem próxima do vírus inicialmente detectado em Wuhan, na China, no começo da pandemia; as variantes de preocupação alfa, beta, gama e delta; e a variante de interesse kapa, que é a mesma da linhagem variante delta.