Revolta

Caso Itambé: morte durante protesto contra violência deixa cidade de luto

TV Jornal
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Publicado em 12/04/2017 às 12:00

-Reprodução/TV Jornal

Na manhã desta quarta-feira (12), o clima na cidade de Itambé, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, foi de muita emoção e dor durante o velório de Edvaldo da Silva Alves, 21 anos, baleado por um policial durante um protesto por mais segurança e contra a violência no município. O corpo foi velado no ginásio da cidade onde muitos moradores e amigos prestaram solidariedade à família.

Edivaldo morreu na madrugada desta terça-feira (11) no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, depois de passar 26 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Devido à perda de sangue, o jovem ficou debilitado e nos últimos dias enfrentava um quadro de infecção.

O músico foi baleado no último dia 17 de março, durante um protesto que fechou a PE-75 para pedir segurança, já que Itambé só tem três policiais militares. Durante a manifestação, ele foi atingido por uma bala de borracha à queima roupa. Em um vídeo feito por pessoas que participavam do protesto, os PMs aparecem discutindo com o grupo e efetuando o disparo. Em seguida, Edvaldo é filmado sendo arrastado e levando um tapa no rosto antes de ser jogado na caçamba da viatura da polícia.

Despedida

No velório de Edivaldo da Silva, a mãe, Maria Sebastiana da Silva, não conseguiu ficar por muito tempo e precisou ser amparada. Em homenagem ao jovem, parentes e amigos vestiram uma camisa com uma foto dele e a frase: "O tiro que atingiu o jovem feriu a nossa dignidade. Por uma Itambé de paz".

A movimentação na quadra de esportes de Itambé começou ainda na noite da terça-feira (11), horas antes da chegada do corpo. Dezenas de coroas foram enviadas para homenagear o rapaz que agora é considerado um símbolo da luta contra a insegurança na cidade. O corpo será enterrado às 16h no cemitério da cidade.

Investigação

Depois do anúncio da morte do músico, o Governador de Pernambuco, Paulo Câmara, deu entrevista lamentando o ocorrido e prometendo a apuração do caso. Os três policiais que participaram da ação foram afastado das funções e estão sendo investigados pela Secretaria de Defesa Social e pelo Ministério Público do Estado.

O Conselho Nacional de Direitos Humanos divulgou um documento fazendo recomendações ao Governo e prometendo levar o caso à Organização das Nações Unidas (ONU). A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco também está acompanhando a investigação. Para o presidente do colegiado, os policias agiram de forma desproporcional ao atirar a tão curta distância.

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