Caso Miguel

Polêmica, tumulto e espera da mãe de Miguel: tudo o que aconteceu durante depoimento de Sarí no Recife

Sarí Corte Real prestou depoimento 28 dias após a morte de Miguel Otávio Santana da Silva

Yaci Ribeiro/ JC Imagem e Day Santos/TV Jornal
FOTO: Yaci Ribeiro/ JC Imagem e Day Santos/TV Jornal

Quase um mês depois do acidente e há dois do fim do prazo do inquérito da Polícia Civil, Sarí Corte Real prestou depoimento sobre a morte de Miguel Otávio Santana da Silva, que caiu do 9º andar de um condomínio de luxo no Recife. A tragédia ganhou repercussão nacional e teve grande parte da população pede justiça pela morte do menino de 5 anos. Ao saber da presença de Sarí na delegacia de Santo Amaro, na área central do Recife, o lado de fora foi tomado com a presença familiares de Miguel, populares e a imprensa que faz a cobertura do caso. Confira abaixo tudo o que aconteceu durante a presença de Sarí Corte Real na delegacia.

Tumulto na saída de Sarí da delegacia

Com a grande quantidade de pessoas no local, a Polícia Civil montou um esquema de segurança e um corredor foi formado para evitar a aproximação de Sarí. Houve tumulto e muita confusão, principalmente na saída da ex-patroa da mãe de Miguel da delegacia. A viatura em que ela estava foi atingida por socos e pontapés.

Uma das tias de Miguel chegou a desmaiar e foi levada pela polícia para a policlínica Agamenon Magalhães, no bairro de Afogados, na Zona Leste do Recife. De acordo com o boletim médico, ela sofreu um estresse emocional, foi medicada e liberada.

>>Sarí Corte Real pede perdão à mãe de Miguel em carta: ''Não tenho o direito de falar em dor''

>>"Essa carta não chegou a mim, chegou à mídia", fala mãe de Miguel sobre carta da patroa

Depoimento antes do expediente da delegacia causa polêmica

A reportagem da TV Jornal apurou que o delegado responsável pelo caso, Ramon Teixeira, chegou antes das 6h à delegacia, sendo que o horário de expediente do local começa às 8h. Pouco depois do delegado, Sarí e o marido, o prefeito de Tamandaré Sérgio Hacker (PSB), chegaram à unidade policial. O fato causou muita polêmica e a Polícia Civil afirmou que o pedido foi feito pelos advogados de defesa. Leia na íntegra abaixo.

A Polícia Civil de Pernambuco, por meio da 1ª Delegacia Seccional de Polícia – Santo Amaro, informa que os advogados da acusada pelo homicídio culposo do garoto Miguel, de 05 anos, apresentaram requerimento ao Delegado que preside o Inquérito Policial solicitando a realização do depoimento em horário mais cedo que o de início do expediente da unidade policial.

Considerando os argumentos relativos à possibilidade de aglomeração de pessoas e o risco de agressão à depoente por parte de populares, o Delegado deferiu o requerimento. Saliente-se que esse deferimento não enseja nenhum prejuízo aos trabalhos de investigação levados a efeito pela Polícia Civil.

OAB fala sobre atitude de delegado do caso Miguel

Em entrevista ao programa O Povo na TV, O Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Dr. Cláudio Ferreira, avaliou que o inquérito feito pelo delegado pode ter pedido a credibilidade da população.

’O inquérito estava transcorrendo normalmente, a OAB estava tendo acesso a todos os documentos, o delegado estava fazendo todas as diligências necessárias, e esse ato de agir de forma não usual eu acho que ele pode ter prejudicado a conclusão do inquérito. Pode ter perdido legitimidade para a população. Esse inquérito, pela comoção que teve, tinha que ser feito a luz do dia com os critérios mais republicanos possíveis para que não restasse qualquer dúvida de que ele foi feito no sentido de buscar justiça’’, afirmou. Clique aqui e veja a entrevista na íntegra.

Mãe de Miguel esperou para falar com a ex-patroa

A empregada doméstica Mirtes Souza, mãe de Miguel Otávio Santana da Silva, passou o dia na delegacia de Santo Amaro aguardando a saída da ex-patroa, Sarí Côrte Real. Acompanhada de parentes, Mirtes questionou o fato da ex-patroa ser ouvida fora do horário do expediente da delegacia.

>>Faltou paciência para tirar meu filho do elevador, diz mãe de criança que morreu ao cair de prédio no Recife

"Ela acabou com a minha vida. Não tenho mais saúde por culpa dela. Ela matou meu filho. Vou ficar aqui até ela sair. Eu tinha que vir para dizer uma verdade na cara dela. Só saio quando falar com ela", disse Mirtes, completando: "Ela pode sair daqui a dois, quatro ou cinco dias, mas eu vou ficar aqui, de plantão, na porta da delegacia", afirmou a mãe de Miguel.

Yaci Ribeiro/JC Imagem
Sarí prestou depoimento na manhã desta segunda-feira (29) - FOTO:Yaci Ribeiro/JC Imagem
Wellington Lima/JC Imagem
Mírtes Renata aguarda a saída da ex-patroa em frente a Delegacia de Santo Amaro - FOTO:Wellington Lima/JC Imagem
Yaci Ribeiro/ JC Imagem
Sari Corte Real foi ouvido nesta segunda-feira - FOTO:Yaci Ribeiro/ JC Imagem
FOTO: Paula Aguiar/TV Jornal
Mirtes, mãe de Miguel, na porta da delegacia aguardando a saída da ex-patroa Sarí Côrte Real - FOTO:FOTO: Paula Aguiar/TV Jornal

Conclusão do inquérito

Essa era a última parte que faltava para a conclusão do inquérito, que será remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O laudo das perícias realizadas no prédio foram entregues na última sexta-feira (26) à noite. Com isso, o delegado está finalizando o inquérito e dependendo do depoimento da Sarí, tudo poderá ser finalizado e concluído. De acordo com a Polícia Civil, o prazo é até o dia 01 de julho, mas pode ser prorrogado.

Até o momento, sete pessoas foram ouvidas na investigação, são eles: Mírtes Renata, mãe do menino Miguel; o zelador do prédio; um ex-síndico do prédio; o gerente de operações técnicas do prédio; a manicure que estava na casa de Sarí na hora do acidente; e um morador que ajudou a socorrer a criança.

Relembre o caso

O menino Miguel Otávio Santana da Silva caiu do 9º andar do condomínio Píer Maurício de Nassau, também conhecido como Torres Gêmeas, no bairro de Santo Antônio, na área central do Recife. Ele era filho de Mirtes Renata Santana de Souza, empregada doméstica de Sarí Côrte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB).

Sarí foi presa indiciada por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), e liberada após pagamento de fiança de R$ 20 mil. O fato aconteceu no dia 2 de junho, quando Sarí mandou Mirtes passear o cachorro da família e se responsabilizou por olhar o garoto.

+VÍDEOS