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''Estou com o meu coração 5% aliviado'', revela mãe de Miguel após Sarí ser indiciada por abandono de incapaz

A Polícia Civil concluiu o inquérito pela morte do menino MIguel

Robert Sarmento
Robert Sarmento
Publicado em 01/07/2020 às 18:21
Reprodução/TV Jornal
FOTO: Reprodução/TV Jornal

Em entrevista à TV Jornal, Mirtes Renata, mãe do menino Miguel, comentou o resultado do inquérito da Polícia Civil em que Sarí Corte Real foi indiciada por abandono de incapaz. Caso seja condenada, Sarí pode pegar de 4 a 12 anos de prisão pela morte de Miguel Otávio Santana da Silva.

>>Polêmica, tumulto e espera da mãe de Miguel: tudo o que aconteceu durante depoimento de Sarí no Recife

''Estou com o meu coração 5% aliviado. Os outros 95% vão ser quando ele realmente estiver atrás das grades pagando pelo erro que ele cometeu com o meu filho. Aí sim é que vai estar 100% aliviado'', contou Mirtes.

Os advogados de Mirtes Souza, a mãe de Miguel, enviaram uma nota à imprensa com assinatura dela sobre a ida da ex-patroa para julgamento - ainda sem data marcada. Leia a nota na íntegra

Aproxima-se o dia em que, na cadeira de acolchoado azul à esquerda do magistrado, onde ficam os acusados, sentará uma mulher de estatura mediana, de cabelos louros bem cortados, olhos verde esmeralda e sorriso perfeito. Pobre apenas em melanina e em empatia. O magistrado, eleito por sorteio, julgará aquela que diante do corpo caído de Miguel e de sua mãe desesperada disse em exclamação: "que menino tinhoso"; é ela, a patroa adornada em joias, iniciada nas artes dos palacetes e de família de políticos rica e influente no litoral sul, que explicará ao promotor o que quis dizer com "coloquei ele para passear".

Quando esse dia chegar, talvez ela já nem lembre a origem de tanto desdém e indiferença, mesmo também sendo mãe. É até provável que tente responsabilizar a própria vítima, o pequeno Miguel, pelo que lhe aconteceu. Afinal, após noticiar aos parentes próximos sobre o falecimento, disse que "cuidar dele não era sua responsabilidade".

Ali, prostrada, a fina senhora destilará novamente seu cinismo e tentará convencer o julgador que tudo não passou de um acidente, tal como quem quebra uma taça de vinho em um restaurante chique e, enquanto retira arrogantemente o cartão de crédito da carteira, diz ao garçom que traga logo a conta do prejuízo.

A princesa encastelada nas torres gêmeas, não tarda, prestará contas à Themis Pernambucana. A diferença entre o acidente e o desamparo é a escolha. Optou-se em desproteger. Miguel foi largado no elevador sem ninguém à sua espera. Pareceres jurídicos caros não apagam o passado, não limpam consciência e não desfazem os fatos.

Mirtes Souza

(Por meio de advogado constituído).

Relembre o caso

O menino Miguel Otávio Santana da Silva caiu do 9º andar do condomínio Píer Maurício de Nassau, também conhecido como Torres Gêmeas, no bairro de Santo Antônio, na área central do Recife. Ele era filho de Mirtes Renata Santana de Souza, empregada doméstica de Sarí Côrte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB). O fato aconteceu no dia 2 de junho, quando Sarí mandou Mirtes passear o cachorro da família e se responsabilizou por olhar o garoto.

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