Uma matéria exibida no programa O Povo na TV desta quinta-feira (27), da TV Jornal, mostrou o drama da dona de casa Anlliz Adriane Souza, de 26 anos. Ela engravidou pela primeira vez aos 17 anos, mas perdeu o bebê após um aborto espontâneo. Aos 22 anos, Anlliz chegou a dar a luz a um menino, que morreu com um 1 ano e 2 meses de idade, por causa de problemas cardíacos.
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Neste ano, a dona de casa, que está desempregada, viveu a alegria da terceira gestação. No dia 8 de maio já eram quase 4 meses de gravidez e Anlliz decidiu se imunizar contra a covid-19, tendo recebido a vacina da AstraZeneca, em um posto de saúde.
A aplicação foi feita dois dias antes da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspender o uso da AstraZeneca em grávidas e puérperas. No mesmo dia em que foi vacinada, Anlliz diz ter sentido febre e dor no corpo e, quatro dias depois, no dia 12 de maio, notou um sangramento. Por isso, procurou o Centro Médico de Especialidades (CEMEC) Vera Cruz, no bairro de Aldeia, em Camaragibe, mas segundo ela, não recebeu atendimento médico.
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Ainda nesse mesmo dia, a dona de casa disse ter procurado a maternidade da cidade de Camaragibe, onde conseguiu ser atendida. "Ela (a médica) fez um toque e disse que o colo do útero estava fechado, e não conseguiu escutar o meu bebê. Fiz exame de urina e me foi receitado dipirona. Depois, fui me pediram para ir para casa e voltar no outro dia", contou a dona de casa.
Ela voltou à maternidade no dia seguinte e foi internada. Anlliz soube da morte do bebê por meio de uma ultrassom e foi submetida ao abordo induzido. A alta só foi dada no dia 15 de maio. "Para uma mãe, é muito desumano isso. É o terceiro filho que eu perco", lamentou Anlliz, em entrevista à TV Jornal.
O feto permaneceu no hospital. No dia 17, Anlliz contou que voltou à maternidade e lá teria sido orientada a levar o feto para casa, apenas com uma requisição para o laboratório. "Tive que coletar sangue mas já tinha passado da hora. Fiquei andando para cima e para baixo por Camaragibe, com o feto na mão, mesmo de resguardo", disse a dona de casa.
Delegacia
A dona de casa registrou uma queixa na Delegacia de Camaragibe, que vai investigar o caso. De acordo com o diretor da maternidade, Jardel Soares, a equipe se deparou com uma situação inédita, já que a dona de casa suspeita que perdeu o bebê após a vacina. Segundo ele, a paciente se responsabilizou em levar o feto ao laboratório indicado depois de assinar um documento.
O feto foi recolhido e encaminhado para análise no Laboratório Central de Pernambuco (Lacem) no dia 19 de maio, cumprindo as determinações do programa estadual de imunizações. De acordo com a obstetra Nélida Cavalcanti, as reações à vacina são normais. Ela pede que as gestantes sigam confiando na imunização.
Nota na íntegra
O Programa Estadual de Imunizações (PNI-PE) informa que foi notificado do caso na última segunda-feira (17/05) e esclarece que não é possível relacionar a ocorrência do aborto com a imunização da gestante, que estava na 15ª semana de gravidez, final do quarto mês de gestação.
Importante frisar que a investigação do caso obedece a critérios e compreende diversas fases e o processo é realizado pela secretaria municipal de saúde, envolvendo profissionais da assistência e da vigilância epidemiológica a fim de investigar os precedentes obstétricos da paciente.
O PNI-PE lembra, ainda, que está suspensa, desde o dia 11 de maio, a imunização das grávidas e puérperas contra a Covid-19 com a vacina da Astrazeneca/Fiocruz no Estado.
Sobre o caso, o PNI-PE tomou todas as providências necessárias, orientando a maternidade quanto aos encaminhamentos e condutas técnicas. Na quarta-feira (19/05) foram entregues amostras de material biológico e enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE), que deve analisar o material para seguir com as investigações.
Nota da Polícia Civil na íntegra
A Polícia Civil está investigando uma ocorrência registrada na tarde do dia (20), na Delegacia de Camaragibe. A noticiante afirma que estava gestante de 20 semanas e no dia (12), procurou atendimento médico em uma unidade de saúde daquela cidade, com perda de líquido uterino, não tendo sido atendida a contento e na manhã do dia (13), após um exame ficou constatado a morte do feto. As investigações seguirão até a completa elucidação do ocorrido.