Justiça

Caso Betinho: novo laudo inocenta um dos acusados do crime

TV Jornal / Ronda JC
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Publicado em 04/12/2017 às 17:00

-Reprodução/TV Jornal

O coordenador pedagógico José Bernardino da Silva Filho, o Betinho, 49 anos, foi assassinado em maio de 2015, mas a história completa do crime ainda não foi descoberta. Uma equipe de peritos do Instituto de Criminalística de Pernambuco entregou à Justiça, na última sexta-feira (1º), um novo laudo que pode inocentar um dos acusados do crime. Segundo o documento, a digital encontrada em uma das cômodas da residência onde a vítima morava, no Edifício Módulo, no Centro do Recife, não era do estudante Ademário Gomes da Silva Dantas, que foi apontado pela Polícia Civil como um dos autores do homicídio de Betinho. O exame confirma o resultado de outro laudo feito por peritos federais do Instituto Nacional de Identificação, confeccionado também a pedido da Justiça. O Ronda JC teve acesso com exclusividade aos novos laudos.

A principal prova apresentada pela Polícia Civil para afirmar que Ademário e o outro suspeito – na época, com 17 anos – eram os assassinos do coordenador pedagógico foi o primeiro laudo, produzido por dois peritos papiloscópicos, que identificou que as digitais pertenciam aos dois acusados. As defesa dos dois contestaram os resultados e, em audiências de instrução e julgamento, solicitaram uma perícia federal. Nos dois exames realizados pelos peritos federais, o laudo estadual foi contestado e apontou-se que aquelas digitais encontradas não eram dos acusados. Os dois eram estudantes do Colégio Agnes, onde Betinho também trabalhava. Ademário, inclusive, é filho de um dos diretores da instituição.

Novo laudo

Diante da divergência, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) solicitou uma terceira perícia. A Justiça atendeu ao pedido e determinou que a Polícia Científica designasse peritos para confecção do novo laudo. Dessa vez, coube ao Instituto de Criminalística o exame. “Os peritos criminais não constataram convergência entre as impressões apostas no prontuário civil e o fragmento da impressão papilar (…) A impressão questionada encontrada no local de homicídio foi produzida pelo polegar direito do Sr. José Bernardino da Silva Filho”, informou o laudo assinado pelos peritos Gilson Freitas e Enock dos Santos. Na conclusão deles, aquela digital não era de Ademário, mas do próprio Betinho.

O laudo, que já está com a Justiça, deve ser analisado nas próximas semanas pelo Ministério Público, que vai dar um parecer sobre o resultado. Posteriormente, o juiz responsável deve se posicionar sobre as novas etapas do processo – que só diz respeito à acusação contra Ademário. A próxima audiência do caso está marcada para 23 de fevereiro de 2018. O advogado de defesa de Ademário, Jorge Wellington, informou, por telefone, que “vai pedir a absolvição sumária do réu ou o trancamento da ação penal”. O outro acusado responde perante a Vara da Infância e Juventude. Esse processo, porém, está sob segredo de Justiça.

Peritos reconhecem o erro

Os peritos papiloscópicos responsáveis pelo primeiro laudo do Caso Betinho enviado à Justiça um ofício, no qual pedem para fazer uma retificação parcial do laudo. Eles afirmam que, após tomarem conhecimento do resultado do laudo feito pelos peritos federais, fizeram uma nova análise da digital e se convenceram de que foram induzidos a um “falso positivo”. Os funcionários reconheceram o erro e confirmaram o resultado do laudo federal. Os peritos destacaram a avançada tecnologia usada pelo Instituto Nacional de Identificação na identificação de digitais – procedimento que, segundo eles, ainda não está disponível em Pernambuco. O ofício foi assinado pelos peritos Adenaule Geber, Sidney Bezerra e Ricardo Freitas, e encaminhado em julho deste ano, mas só agora veio à tona. O Ronda JC também teve acesso ao documento.

Relembre o caso

José Bernardino da Silva Filho foi morto no apartamento onde morava, na Boa Vista, Centro do Recife, no dia 16 de maio de 2015. Ele foi encontrado com os pés e pescoço amarrados com fios de eletrodomésticos. Segundo a perícia, na época, a vítima morreu devido a golpes de ferro de passar na cabeça.

Poucos dias depois, a Polícia Civil divulgou que não restavam dúvidas sobre o envolvimentos de dois ex-alunos do professor. Ademário Gomes da Silva Dantas e o adolescente foram apontados como responsáveis pela morte do coordenador pedagógico, e ambos negam o crime.

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