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Zika foi trazido ao Brasil por imigrantes e militares

TV Jornal / JC Online
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Publicado em 13/08/2018 às 14:15

-Foto: Divulgação/Fiocruz

Imigrantes ilegais vindos do Haiti e militares brasileiros em missão de paz no país podem ter trazido o vírus Zika para o Brasil. Isto é o que diz o novo estudo desenvolvido na Fiocruz Pernambuco, divulgado nesta sexta-feira (10), sobre as possíveis rotas de chegada da doença que se espalhou em vários estados da nação.

Esta afirmação é assegurada por levantamentos anteriores que haviam relatado "casos de chikungunya no Brasil importados do Haiti e da República Dominicana, destacando a América Central e Caribe como rotas importantes para a introdução desse arbovírus no Brasil", como destaca a fundação.

O estudo foi mais à fundo e identificou que o vírus Zika, que surgiu na Polinésia Francesa, não veio de lá diretamente para o Brasil. Antes ele migrou para a Oceania, depois para a Ilha de Páscoa, de onde o vírus se espalhou para a América Central e Caribe, chegando ao Brasil, no final de 2013.

“Isso coincide com o caminho percorrido pelos vírus dengue e chikungunya”, explica um dos investigadores, o pesquisador Lindomar Pena. Isto porque há o registro de que a América Central e Caribe são importantes rotas de entrada para arbovírus na América do Sul.

Pesquisas anteriores

Entre as hipóteses mais frequentes, acreditava-se que o vírus teria entrado no país durante a Copa do Mundo de 2014, entre os dias 12 a 13 de julho, trazido por viajantes africanos. Outra teoria afirmava que a introdução teria ocorrido durante o campeonato mundial de canoagem, realizado em agosto de 2014, no Rio de Janeiro, que recebeu competidores de vários países do Pacífico afetados pelo vírus Zika.

Ainda houve outra vertente de que houveram mais de uma pessoa, que não têm relação alguma entre si, e que trouxeram o Zika para o Brasil. Essas análises anulam a primeira hipótese de que um único paciente seria o responsável por trazer a doença, que depois teria se espalhado em várias regiões.

Medidas de controle

Com a confirmação das rotas do vírus que entram no Brasil, a Fiocruz alerta que esta pode ser uma "informação estratégica para a vigilância epidemiológica e para adoção de medidas de controle e monitoramento dessas doenças". O cuidado maior deve ser tomado em regiões de fronteira com outros países, portos e aeroportos, como destaca o artigo.

Pesquisa

Quatro pesquisadores da Fiocruz Pernambuco, Lindomar Pena, Túlio Campos, Gabriel Wallau e Antonio Rezende, e mais um colaborador da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, Alain Kohl, participaram do estudo.

As análises se basearam num total de 4.035 amostras de genomas completos dos três vírus (dengue, chikungunya e zika). Foram usados algoritmos e ferramentas computacionais para confirmar a hipótese.

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