DESABAFO

"Não consigo viver mais. Para mim, a vida acabou", diz mãe de Lázaro Barbosa

A família tinha esperança de que Lázaro se entregasse à polícia.

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 29/06/2021 às 11:10 | Atualizado em 04/05/2022 às 20:19
Reprodução/TV Bahia e Divulgação
FOTO: Reprodução/TV Bahia e Divulgação

A mãe de Lázaro Barbosa de Sousa, o "serial killer de Brasília" (como ficou conhecido na mídia), de 32 anos, morto durante confronto contra policiais nessa segunda-feira (29), disse que não tinha condições de contratar um advogado para o filho.

Ele foi capturado e morto após 20 dias de buscas realizadas pela Polícia Civil. Segundo informações do UOL, a mãe dele, Eva Maria Sousa, de 51 anos, desde o filho ter assassinado os membros de uma família, só conversou com Lázaro em uma oportunidade.

A ligação feita à mãe pelo fugitivo ocorreu de um número desconhecido, segundo ela. Mesmo assim, ela tentou retornar as ligações, mas o filho não atendeu mais.

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"Ele entrou em contato uma vez, por telefone. Eu estava muito nervosa e perguntei para ele: 'Cadê a mulher [Cleonice, que estava desaparecida, à época]?'. Ele disse 'Não sei. Não está comigo'. Depois, não falou mais nada e desligou, quando falei para ele que meu telefone estava rastreado", contou Eva.

"A vida acabou"

Esse foi o último contato entre Lázaro e os familiares desde o início das buscas, em 9 de junho. A mãe conta que, por conta da perseguição de pessoas querendo fazer justiça com as próprias mãos, a família está trocando de telefone e de endereço com frequência.

A família tinha esperança de que Lázaro se entregasse. "Está muito difícil. Não tenho cabeça para nada. Não consigo viver mais. Para mim, a vida acabou", desabafou.

Eva Maria e o marido, com quem está casada há 13 anos, moravam em Águas Lindas de Goiás (GO) e trabalhavam como caseiros em uma chácara. Eles se mudaram para o interior da Bahia depois da chacina contra a família em que seu filho é o principal suspeito do crime.

"Tivemos de sair do nosso emprego e da cidade. Estamos recebendo muitas ameaças. Não estamos nada bem", afirmou Eva Maria. "As forças de segurança não entraram em contato conosco para ajudarmos a convencê-lo (a se entregar)", completou Eva.

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Morte

O Governo de Goiás confirmou que Lázaro Barbosa, preso no 20º dia de buscas em Goiás, está morto. A morte aconteceu durante confronto com a polícia.

De acordo com informações repassadas pela reportagem do SBT, Lázaro não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. A Secretaria de Saúde Pública do Estado de Goiás confirmou a morte do suspeito de cometer uma chacina em Ceilândia, no Distrito Federal.

Prisão

O governador do estado do Goiás, Ronaldo Caiado, informou, através de um vídeo publicado em suas redes sociais, que Lázaro Barbosa, suspeito de cometer uma chacina em Ceilândia, no Distrito Federal, além de diversos outros crimes, foi preso nesta segunda-feira (28), data que marcou o 20º dia de caçada a Lázaro, conhecido na mídia e internet como o "serial killer de Brasília".

"Ta aí, minha gente, como eu disse, era questão de tempo até que a nossa polícia, a mais preparada do País, capturasse o assassino Lázaro Barbosa. Parabéns para as nossas forças de segurança. Vocês são motivo de muito orgulho para a nossa gente! Goiás não é Disneylândia de bandido", escreveu Caiado no twitter.

Buscas intensificadas

Esta segunda-feira (28) marca o vigésimo dia de caçada a Lázaro Barbosa, 32, o homem mais procurado pelas forças policiais do Goiás e Distrito Federal. De acordo com Metrópoles, homens da força-tarefa saíram às pressas da base, localizada em Girasso (GO), e foram até ágaus Lindas de Goiás, no entorno do Distrito Federal.

É que Lázaro teria sido visto no Setor Itamaracá, na área rural da cidade, a 20km da base. Ele estaria escondido na casa da ex-sogra nos últimos dias, segundo denúncias recebidas pelos policiais. Três helicópteros sobrevoam a região neste 20º dia de buscas. Os bloqueios seguem na BR-070.

Solto na madrugada do último sábado (26/6), o caseiro Alain Reis Santana, 33, estaria colaborando espontaneamente com as forças policiais nas buscas a Lázaro Barbosa. Ainda segundo Metrópoles, por meio de nota, os advogados do funcionário da chácara em que o suspeito estaria se escondendo informaram que Alain ofereceu apoio aos investigadores por conhecer bem a região e “o possível paradeiro de Lázaro”.

“Mesmo estando em liberdade, de forma livre e espontânea, Alain colabora com as buscas ao fugitivo Lázaro Barbosa, desde 26 de junho”, diz o texto.

De acordo com os defensores, a atuação do caseiro “comprova a boa-fé, a boa índole e o interesse de Alain em colaborar com o trabalho das autoridades de segurança”.

Alain foi denunciado com o patrão, Elmi Caetano Evangelista, 74, por supostamente esconder, alimentar e ajudar o maníaco a fugir da Justiça.

“Eu fazia tudo lá na casa do seu Elmi, cuidava dos peixes, cuidava das vacas. Desconfiei de que ele estava escondendo algo, vi o Lázaro três vezes, a última na quinta-feira. Na quarta-feira, ele falou que, se eu falasse pra alguém [o paradeiro do suspeito], ele sabia onde eu morava, que ia pegar minha família”, contou o caseiro após ser solto. Alain ainda disse que não sabe qual a natureza da amizade de Lázaro com Elmi.

O caseiro foi liberado após audiência de custódia, que ocorreu na tarde da última sexta-feira (25/6). A juíza Luciana Oliveira de Almeida Maia da Silveira entendeu que, no caso de Alain, “os indícios de autoria até o momento colhidos revelam-se frágeis, principalmente porque a relação com o outro autuado é de patrão-empregado”.

“Não é possível extrair dos autos que ele tenha aderido à suposta conduta do proprietário da fazenda de ajudar Lázaro. Quanto à arma e às munições, a posse não pode ser-lhe estendida, porque foram encontradas no interior da Fazenda Caetano, que pertence ao outro autuado”, ressaltou a magistrada.

Lázaro é acusado de cometer crimes brutais, como latrocínio, estupros e homicídios. A suspeita é de que, na última semana, ele tenha se escondido e se alimentado na chácara de Elmi.

Ao prender Alain, a polícia alegou que o chacareiro dava cobertura a Lázaro e que ele estaria com uma das armas roubadas por Lázaro, com 50 munições, na região de Cocalzinho (GO), uma espingarda calibre .22.

As equipes apreenderam duas armas de ar comprimido, sendo que uma delas foi modificada mecanicamente para disparar munição de calibre .22. Segundo o caseiro, as armas eram do patrão, Elmi Caetano. A defesa do chacareiro disse ter pedido habeas corpus do homem. A intenção da defesa é conseguir soltura ou prisão domiciliar.

Comparsas presos

De acordo com inforamções publicadas no Correio Braziliense, um dos homens presos nessa quinta-feira (24) é um ex-patrão do criminoso. Esta sexta-feira (25) representa o 17º dia de caçada ao suspeito. Ainda segundo a reportagem do Correio, o ex-patrão de Lázaro é um fazendeiro que se chama Elmi Caetano Evangelista, de 74 anos, morador de Girassol, distrito de Cocalzinho de Goiás, onde as buscas pelo criminoso são realizadas.

Elmi foi preso por policiais penais da Diretoria de Operações Penitenciárias (Dpoe) do Distrito Federal. No momento da prisão, ele estava dirigindo um veículo de modelo Strada, na cor branca. Ele teria desobedecido a ordem dos policiais para parar o veículo. Houve uma perseguição, os policiais interceptaram o carro e prenderam o idoso.

Com ele, os policiais encontraram duas espingardas e 50 munições, que, segundo o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, foram roubados por Lázaro em uma propriedade rural durante a fuga dos últimos dias. Não se sabe ainda por quanto tempo Lázaro trabalhou para Elmi nem em que função, mas o Correio apurou que os serviços foram prestados em uma fazenda do idoso.

Outro comparsa preso

O outro preso na quinta-feira (25) é um caseiro de Elmi. O Correio Braziliense identificou o caseiro como Alain Reis de Santana, de 33 anos. Ele foi preso por agentes do Comando de Operações de Divisas da Polícia Militar do Estado de Goiás (COD/PCGO).

Ainda não se sabe qual a relação do caseiro com Lázaro. É possível que eles tenham trabalhado juntos na fazenda de Elmi. Os dois presos nessa quinta-feira foram autuados por porte ilegal de armas e facilitação na fuga do criminoso.

O que diz o advogado dos suspeitos?

Os dois presos foram levados para a delegacia de Águas Lindas de Goiás. Segundo o G1, Ilan Barbosa se apresentou na frente da delegacia como advogado dos dois. O profissional disse que ambos negam participação no crime. Ilan disse também que o fazendeiro trata um câncer e que nunca viu Lázaro.

Por outro lado, o caseiro teria dito ao advogado que já viu uma pessoa parecida com Lázaro. A polícia segue nas buscas por Lázaro e acredita que "uma rede de psicopatas" ajuda na fuga. A força-tarefa faz buscas em uma área de 50 km e tenta encontrar também outras pessoas que podem ter ajudado na fuga.