O sargento reformado foi encaminhado à Delegacia de Capturas e, em seguida, para o Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), no Grande Recife. O PM era procurado desde o dia seguinte ao crime, quando a Polícia Civil intensificou ações para prendê-lo. Na sexta-feira (29), agentes cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do suspeito, na mesma área onde ocorreu o crime.
Entenda o caso: Um jovem de 14 anos foi assassinado e um garoto de 13 baleado depois de baterem na motocicleta de um sargento reformado da Polícia Militar, na Avenida Dois Rios, na entrada do bairro do Ibura, Zona Sul do Recife. Os adolescentes estavam a caminho de um jogo de futebol, quando houve o acidente.
O Sargento teria ligado para o 190 (número de emergência da PM) e informado que tinha sido vítima de uma tentativa de assalto. Após a ligação, efetuou vários disparos nos dois jovens. Mário Andrade de Lima, 14 anos, foi atingido na cabeça, no tórax e nas pernas e não resistiu aos ferimentos. O garoto de 13 foi baleado nas pernas e se fingiu de morto, até ser socorrido.
Conflito: Após a morte do jovem, a Polícia Militar informou que o sargento reformado havia sofrido uma tentativa de assalto. Mas, no início das investigações, o delegado João Brito, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), rebateu a história, afirmando que a versão contada pelo policial não condizia com as evidências.
De acordo com o delegado, nenhuma arma foi encontrada com os adolescentes e, mesmo a reação do policial sendo em legítima defesa, há indícios de que ela foi exagerada. “É preciso que haja um contexto para uma reação tão extrema como essa. Inclusive, porque os disparos são muitos e atingiram locais, na vítima que morreu, que impossibilitariam qualquer reação. Então, a gente vê aqui, pelo tipo de disparo, que a ação não é de proteção e sim de cessar ela por completo com evento morte”, contou João Brito.
Protestos: Integrantes de movimentos sociais, amigos e familiares do adolescente Mário de Andrade de Lima, 14 anos, morto pelo sargento reformado realizaram vários protestos no Ibura, contra a ação violenta do policial. Com cartazes, pediram mais respeito aos jovens negros moradores da periferia.
Na última segunda-feira (1), o grupo interditou os dois sentidos da Avenida Recife. Durante a manifestação, houve tumulto entre participantes e motociclistas que tentavam desviar do bloqueio. O trânsito ficou lento e muitos passageiros desceram dos ônibus para seguir o percurso a pé.
