Com o clima de insegurança instalado no comércio do Recife, alguns empresários denunciam que o problema vai muito além dos assaltos e furtos nas ruas da área central da cidade. Vários criminosos se disfarçam de clientes para furtar produtos com os estabelecimentos em pleno horário de funcionamento.
Algumas dessas ações foram registradas por câmeras de segurança (veja vídeo abaixo). No primeiro, é possível ver um homem fingindo escolher camisas e em um determinado momento puxando os produtos dos cabides. Ele enrola e coloca por baixo da blusa que está usando. Um outro flagrante foi feito em um domingo, quando a loja estava fechada. Um rapaz, que entrou no estabelecimento arrombando um acesso pelos fundos, vasculhou gavetas à procura de dinheiro e objetos de valor.
Sem querer ser identificado, o dono de uma loja de roupas que funciona há sete anos no bairro de Santo Antônio disse que assiste quase que diariamente a ação dos ladrões. "A gente não tem o que fazer. Às vezes, conseguimos ver e fazemos a abordagem pra recuperar os produtos, mas em outros casos, é até arriscado fazer isso porque ficamos marcados", lamentou o comerciante.
Ainda de acordo com ele, o pior é a descrença com a investigação da polícia. O comerciante que nos procurou disse que já prestou queixa em um caso do ano passado, mas as investigações não deram resultado. "Duas funcionárias precisaram ir depor. Fiquei sem as vendedoras na loja e ainda não deu em nada. Até hoje, nunca descobriram quem foram os envolvidos no furto", justificou o comerciante.
Por mês, o gasto da loja com aparatos de segurança chega a quase R$ 1 mil. São R$ 450 com apoio de bairro (vigilantes particulares), R$ 300 com o serviço de monitoramento de câmeras e R$ 200 de alarme e manutenção.
Pesquisa da CDL confirma insegurança
Uma pesquisa da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Recife (CDL) mostrou o sentimento de medo compartilhado pelas cerca de 850 mil pessoas que transitam pelas ruas do Centro do Recife diariamente. Os dados, divulgados nessa terça-feira (25), mostram que 88,9% dos entrevistados não se sentem seguros na área central da capital pernambucana. Outros 77,4% disseram não encontrar policiamento nas ruas.
O levantamento foi realizado entre os dias 17 e 20 de abril deste ano, com 521 pessoas acima de 18 anos, de todas as classes sociais, de 83 bairros do Recife e 16 cidades pernambucanas. Segundo a pesquisa, 69,9% dos entrevistados já sofreram ou presenciaram assaltos no centro da cidade, e 74,3% dos entrevistados que vão ao Centro utilizam ônibus ou metrô, o que também contribui para aumentar a sensação de insegurança.
De acordo com o presidente da CDL Recife, Eduardo Catão, esse quadro prejudica tanto os consumidores que vão ao Centro, como os comerciantes, que estão sendo vítimas constantes de investidas criminosas Para ele, a situação provoca o êxodo de clientes e lojistas, o esvaziamento da área e a desvalorização da economia.
Para reverter essa situação, a CDL afirma estar se reunindo com representantes da Polícia Militar de Pernambuco para planejar soluções para o problema, e já ter enviado uma carta ao Governador do Estado, Paulo Câmara. No entanto, o presidente da instituição acredita que diálogo não é o bastante, e há necessidade de reforço no policiamento da área. "Neste momento, o diálogo já não é mais suficiente, o cidadão precisa de ações efetivas e urgentes na área de segurança. Estamos insistindo com o Governador e com o Vice-governador, sobre a necessidade de reforço no policiamento, para que as pessoas possam voltar a circular nas ruas com tranqüilidade”, afirmou.
