Pernambuco

Coronavírus: Familiares denunciam situação dos presídios na pandemia

Falta de informação e isolamento inadequado são alguns dos problemas relatados por parentes de pessoas presas, durante pandemia do coronavírus (covid-19)

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 26/05/2020 às 8:55
Thathianna Gurgel/DPRJ
FOTO: Thathianna Gurgel/DPRJ

A pandemia do novo coronavírus (covid-19) expõe dificuldades, como a deficiência do Estado em conter o avanço da doença nos presídios.A falta de informação sobre a situação dos detentos aos familiares, a superlotação e a escassez de equipamentos de proteção individual para os agentes penitenciários são as principais reclamações de quem convive com a realidade do sistema carcerário.

A viúva de um reeducando, que cumpria pena no presídio de Igarassu e morreu vítima do novo coronavírus, reclamou da falta de cuidado com o marido. "Não deram assistência a ele", denunciou.

Isolamento inadequado

A esposa de outro reeducando se queixou da falta de informações sobre a saúde do marido. Ele testou positivo para a covid-19 e faz parte do grupo de risco da doença. Em uma gravação de áudio, enviada para a equipe da TV Jornal, ela denuncia que o marido estaria isolado de forma inadequada. "Meu marido está lá morrendo. Eu soube por gente de lá de dentro. Assistência nenhuma", relata.

Balanço

Até essa segunda-feira (25), três mortes por coronavírus foram registradas entre pessoas privadas de liberdade. Ao todo, 106 casos da doença foram confirmados, sendo duas mulheres e 104 homens. Os pacientes têm idades entre 18 e 80 anos.

Dentro os detentos confirmados, dois continuam internados, sendo um em leito de enfermaria e outro em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ao todo, 90 já estão recuperados da doença. Os demais, continuam isolados. Outras 62 pessoas com sintomas gripais estão sendo monitoradas, sendo uma em leito de isolamento e as demais em área isoladas das unidades prisionais.

Profissionais do sistema carcerário

Para os funcionários do sistema prisional, a situação também é complicada. Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Pernambuco, João Carvalho, desde abril, não se tem acesso a informações sobre os profissionais infectados. Ele afirma ainda que a categoria enfrenta dificuldades para avaliar alguns casos suspeitos e se prevenir do coronavírus.

A coordenadora do Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões, Wilma Melo, destaca que a superlotação nas unidades prisionais do Estado tornou-se ainda mais crítica, por causa do alto risco de contaminação. "Nós temos aproximadamente, hoje, 32 mil presos", explica.

A representante da ONG se queixa que o número de profissionais para atender às demandas do sistema é insuficiente. "Tudo no sistema é sucateado. Solicito ao governador do estado que se sensibilize", pede.

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

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A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização.
  • Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
  • Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada:

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