INTOLERÂNCIA

Felippe Valadão ofende religiões afro em aniversário de cidade: "Prepara para ver muito centro de umbanda sendo fechado"

Declaração foi feita em evento financiado por prefeitura

Emília Prado
Emília Prado
Publicado em 20/05/2022 às 16:53
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Comunidade da Fé Church
Pastor Felippe Valadão - FOTO: Comunidade da Fé Church

O pastor Felippe Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, fez uma declaração considerada intolerante na última quinta-feira (19), durante o show de aniversário da cidade de Itaboraí, no Rio de Janeiro.

A noite de festa era dedicada ao público gospel. Além do pastor, foram atrações no evento oficial os artistas Bruna Karla, Gabriel Guedes, Mariana Valadão e Michelly do Valle.



Segundo informações do portal g1, durante um dos intervalos, o evangélico subiu ao palco e fez comentários sobre uma das tradições de religiões de matriz africana e chamou os adeptos de "endemoniados".

“De ontem para hoje tinha quatro despachos aqui na frente do palco. Avisa aí para esses endemoniados de Itaboraí: o tempo da bagunça espiritual acabou, meu filho. A igreja está na rua! A igreja está de pé!", declarou aos gritos.

Valadão completou: “E ainda digo mais: prepara para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade. Deus vai salvar os pais de santo que têm na cidade". O show estava sendo transmitido, então a fala do pastor foi filmada e amplamente divulgada nas redes sociais.

REPERCUSSÃO

Na sexta-feira (20), a Comissão de Povos Tradicionais de Terreiros de Itaboraí publicou uma nota de repúdio à declaração. "Em sua fala, o pastor agride de maneira vil, desrespeitosa e ameaçadora à comunidade religiosa do candomblé e da umbanda nesta cidade".

Átila Nunes, advogado e relator da CPI da Intolerância Religiosa, fez uma postagem em suas redes sociais em que compartilha o trecho do show gospel e define a declaração do pastor como uma "barbaridade de ódio religioso financiada pelo prefeito de Itaboraí".

O advogado ainda diz na legenda que preparou uma representação ao Ministério Público "contra o autointitulado Pastor e contra o prefeito de Itaboraí, que patrocinou o show de horrores com dinheiro público".

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