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Notícias do Afeganistão atualizadas: Veja as últimas informações após domínio do Talibã

A volta do Talibã ao poder do Afeganistão foi consolidada no último domingo (15)

TV Jornal
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Publicado em 19/08/2021 às 6:50 | Atualizado em 16/03/2022 às 17:52
AFP
FOTO: AFP

Com informações de Agência Brasil.

As forças do Talibã reagiram com violência aos primeiros protestos realizados no Afeganistão após o grupo retomar o poder no país.

Nesta quarta-feira (18), pelo menos três pessoas morreram e dez ficaram feridas ao serem alvejadas na cidade de Jalalabad depois de substituírem a bandeira do Emirado Islâmico pelo pavilhão oficial do Afeganistão.

  

Líderes do Talibã se reuniram em Cabul com o ex-presidente Hamid Karzai e com o chefe do Alto Conselho de Reconciliação Nacional, Abdullah Abdullah, segundo informou o canal privado ToloNews. Karzai e Abdullah são rivais políticos do presidente do Afeganistão Ashraf Ghani, que fugiu pouco antes da retomada de poder do grupo extremista.

Os dois políticos dão a impressão de que querem ganhar espaço no novo regime afegão.

Na segunda-feira (16), Karzai e Abdullah haviam anunciado a formação de um Comitê de Coordenação para “facilitar a transferência de poder” à milícia islâmica.

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Após sua fuga do país, o presidente do Afeganistão Ashraf Ghani, cujo paradeiro era desconhecido desde então, foi acolhido com sua família nos Emirados Árabes Unidos.

A informação foi confirmada em um comunicado da chancelaria do país do Golfo, que revela ainda que a decisão foi tomada “por motivos humanitários”.

Sem democracia

Os novos governantes do Afeganistão afirmaram que não pretendem instaurar um governo democrático. “Isso não tem nenhuma base em nosso país.

Não vamos debater que sistema político aplicar no Afeganistão, porque está claro: é a sharia [lei islâmica], e isso é tudo”, declarou um dos dirigentes do Talibã, Waheedullah Hashimi, à agência Reuters.

Fuga do país

As autoridades de segurança se esforçam para retirar pessoas do Afeganistão após o Talibã tomar o poder de Cabul, capital do país, no último domingo (15).

Segundo a agência de notícias Reuters, mais de 2.200 diplomatas e outros civis já foram retirados em voos militares, até esta quarta-feira (18).

Ainda não está claro quando os voos civis serão retomados. Entre os que partem estão pessoal diplomático, seguranças estrangeiros e afegãos que trabalhavam para embaixadas.

O Talibã tem afirmado querer paz, que não se vingará de antigos inimigos e que respeitará os direitos das mulheres nos moldes da lei islâmica.

No entanto, milhares de afegãos, muitos dos quais ajudaram forças estrangeiras lideradas pelos Estados Unidos (EUA) ao longo dos últimos 20 anos estão receosos e tentar deixar o país.

Não há detalhes sobre quantos afegãos estão entre as mais de 2.200 pessoas que partiram, nem ficou claro se essa cifra inclui os mais de 600 homens, mulheres e crianças afegãos que se espremeram em uma aeronave militar de carga norte-americana C-17 no domingo (15).

Voos em Cabul retomados

Forças dos EUA que controlam o aeroporto tiveram que interromper os voos na segunda-feira (16), depois que milhares de afegãos assustados invadiram o campo aéreo em busca de uma rota de fuga. Os voos foram retomados nessa terça-feira (17), quando a situação foi controlada.

O Reino Unido disse que conseguiu retirar cerca de mil pessoas por dia, e a Alemanha transportou 130. A França informou que retirou 25 de seus cidadãos e 184 afegãos, e a Austrália disse que 26 pessoas chegaram em seu primeiro voo de volta de Cabul.

Líder do Talibã volta ao Afeganistão após mais de 10 anos

Um dos líderes e cofundadores do Talibã, o mulá Abdul Ghani Baradar, voltou ao Afeganistão pela primeira vez em mais de dez anos. Uma autoridade do Talibã disse que os líderes se mostrarão ao mundo diferentemente do passado, quando viviam escondidos.

"Não queremos nenhum inimigo interno ou externo", disse o principal porta-voz do movimento, Zabihullah Mujahid.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou líderes de países ocidentais, ao dizer que o Talibã será julgado por suas ações, não por suas palavras.

Sem recursos do FMI

O Afeganistão não terá acesso aos recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI), incluindo uma nova alocação de reservas de Direitos Especiais de Saque. A informação foi revelada, nesta quarta-feira (18), pela Instituição e a justificativa é a falta de clareza em torno do reconhecimento de seu governo após o Talibã ter assumido o controle de Cabul.

"Como sempre acontece, o FMI é guiado pelas opiniões da comunidade internacional", disse um porta-voz do FMI em um comunicado.

"Atualmente, há uma falta de clareza na comunidade internacional em relação ao reconhecimento de um governo no Afeganistão, em consequência da qual o país não pode acessar DES ou outros recursos do FMI."

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Criado em 1945, o FMI é uma organização composta por 190 países e que possui, de acordo com seu Convênio Constitutivo, os objetivos de promover a cooperação monetária internacional; facilitar a expansão e o crescimento equilibrado do comércio internacional, contribuindo para a promoção e manutenção de níveis de emprego e de renda real e para o desenvolvimento dos recursos produtivos; promover a estabilidade cambial; auxiliar no estabelecimento de um sistema multilateral de pagamentos; e disponibilizar recursos a países membros que estejam passando por dificuldades em seu balanço de pagamentos. Visando a alcançar essas finalidades, o FMI atua em três vertentes: supervisão econômica, oferta de liquidez e assistência técnica.