Já são seis dias desde que o Talibã retomou o poder do Afeganistão. Desde o domingo (15), as tentativas desesperadas dos cidadãos de deixarem país têm rodado o mundo.
De acordo com a CNN, cerca de oito mil pessoas conseguiram fugir do território afegão pelo aeroporto da capital, Cabul. O local não é controlado pelos talibãs.
Brasileiros tentam sair do país
Segundo o jornal Folha de São Paulo, o governo brasileiro tenta resgatar dois cidadãos que estão no Afeganistão e pediram ajuda para deixar o país. O Brasil tenta vaga em voos humanitários.
A gestão para a retirada dos brasileiros está sendo feita pelo Ministério das Relações Exteriores.
Interlocutores do governo falaram em falaram sob condição de anonimato ao jornal e revelaram que seis brasileiros fizeram contato com a área consular do Itamaraty e disseram estar no Afeganistão.
Apenas dois pediram ajuda para deixar o país. O grupo é composto majoritariamente por pessoas que têm vínculos familiares no Afeganistão e que não chegaram à região recentemente.
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Fronteiras abertas e ajuda aos refugiados
O Afeganistão faz fronteira com o Irã, o Paquistão, o Turcomenistão, o Uzbequistão e o Tadjiquistão. O rio Amu Daria forma parte da fronteira no norte do país.
Uma faixa estreita de terra, chamada Vakhan, ou Corredor de Vakhan, conecta o Afeganistão com a China.
Com a crise migratória os países planejam receber refugiados afegãos. O Governo do Irã colocou em prática um plano de emergência em três províncias para receber os cidadãos do Afeganistão. No entanto, o governo já anunciou que essas pessoas posteriormente serão repatriados.
O Paquistão também abriu as fronteiras e a estratégia do país é isolar os refugiados em campos temporários, para evitar um grande fluxo de imigrantes.
O Brasil facilitou o processo de pedido de refúgio e também avalia uma concessão de visto humanitário.
Já o Canadá criou um programa especial de imigração para oferecer refúgio a 20 mil afegãos, principalmente mulheres. E o Reino Unido também deve receber 20 mil refugiados nos próximos anos.
Joe Biden pressionado
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tem sofrido cada vez mais pressão com a retomada do poder do Talibã no Afeganistão após a retirada das tropas dos Estados Unidos do país.
Mesmo pressionado, Biden afirma que a prioridade é a saída dos norte-americanos que ainda estão no território afegão.
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Joe Biden chegou a prometer que os militares norte-americanos deixariam o Afeganistão de forma ordeira e sem correria.
No entanto, o aumento da tensão no território afegão fez o discurso do presidente norte-americano mudar em poucos dias. "Não seria possível deixar o Afeganistão sem caos", disse Biden em entrevista à rede ABC, segundo a CNN.
Mudança no nome do país
O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, anunciou que o Afeganistão passou a se chamar Emirado Islâmico do Afeganistão.
O nome é o mesmo adotado quando o grupo extremista esteve no poder do país pela primeira vez, entre 1996 e 2021.
Através de uma publicação nas redes sociais e em coletiva de imprensa, ele afirmou que grupo teria atitudes mais moderadas e não seria igual ao que aconteceu no primeiro governo deles.
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No entanto, um dos principais comandantes do Talibã, Waheedullah Hashimi, afirmou que as leis devem ser semelhantes às que existiam da outra vez que o grupo extremista esteve no comando.
Esse fato é o motivo do medo da população, que desesperadamente tenta deixar o Afeganistão.
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— Zabihullah (.. ) (@Zabehulah_M33) August 19, 2021